sábado, 25 de agosto de 2007

EU, SÓ ! * de Marantbarfer

Falando de solidão!
EU, SÓ!


Ah! A vida escura, a noite fria. Felicidade já tão vazia
Vadia, se espatifou no chão ?
De novo só por aí à fora. Claudicante, c’ua alma tão esguia
Sem sentir tato nos pés e nas mãos
De novo sem ter onde me apoiar, difuso, com o sono tão confuso
Aguardando o chamado da senha
A cabeça ardendo em chamas, rolando na lava quente da cama
E o peito frio inativo, fogão velho sem lenha

Abro a janela estreita, de altura tão rarefeita, à espreita estico o pescoço de grua
Trafego trôpego, vejo e ouço os sons surdos da rua
Sons do silêncio da noite, passeata audaz de azougue
São olhos que perpetuam a solidão triste e tão crua, pura
Que rasgam a estranheza, o dilacerante véu da tristeza
Eu, presa da luz acesa que pulsa na noite nua
Na barriga grande, grávida da vida, tratando minhas feridas
Na água lodosa e suja

Eu, vento que já não venta, de novo na impura placenta
Feto morto da vida prenha...
Que me devolvam o suspiro, o ar que já não respiro, repito:
Que a brisa da vida venha
Eu que terei que vencer tais lutas sem luvas de astúcia, sem força bruta
Regenerar coração, que aflição
Já que sem sangue tão impar, sem copo, sem bar, hoje só bebo do olhar
Altivo e soberbo, do poço da imposição
E esse perfume que minto. E essas mãos que não sinto
Prá onde foram, qual luar ?
Eu já não fumo e nem bebo, mas aguardo até amanhã bem cedo
Que me responda o rumor, desse mar...
Com palavras de fel e sal segredos pecaminosos, pro meu rubor
Traga de volta o amor que há muito pra segredar!
Eu aqui tão só... Falando de solidão.

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