quarta-feira, 29 de agosto de 2007

TORNEIO DE QUADRAS * Houve certa vez em uma comunidade e eu participei) Marantbarfer

Essa exibição de quadras pede q se pegue ao último verso e de continuidade a quadra portuguesa tradicional, com rimas intercaladas. É só continuidade.



Quadras solicitadas


Com afeto e proteção
Ser teu barco junto ao cais
Do fundo do coração
Te dar meu amor de paz!


Te dar meu amor de paz
Te livrar do abandono
Te banhar com mornos sais
E ninar teu sono e sonho
e

E ninar teu sono e sonho
Te cobrir de redondilhas
Ser teu fruto em cada gomo
Te cuidar como uma filha


Te cuidar como uma filha
Te banhar de leite e mel
Ser teu mar e tua ilha
Ser tua nuvem, ser teu céu



Ser tua nuvem, ser teu céu
Ser canção em tua vida
Te ofertar aliança e véu
Te fazer sempre querida

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José

Te fazer sempre querida
como eu sempre desejei.
O que se leva da vida
é o amor que eu te dei.

Marantbarfer

É o amor que eu te dei
Que te faz feliz agora
Toda fruta que chupei
Tinha teu sabor de amora
excluir

Tinha teu sabor de amora
O suor de nosso amor
O que eu me lembro agora
É do teu cheiro de flor
excluir

É do teu cheiro de flor
Que versei uma canção
Por querer ter seu amor
Eu pedí a sua mão

NÃO TE AMO MAIS * de Clarice Lispector

NÃO TE AMO MAIS

Cedido por Maria Lígia Caboclo

Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..."

Convém ler ao contrário, frase por frase.

PERDÃO ? * de Marantbarfer

Perdão?
Tudo que queria agora era rasgar meu coração
Escoar todo o sangue e atira-lo ao mar
Pois pedra que é de certo afundará.
O que fazer prá viver
Quando sequer se tem vontade ?
Não me perdõe, não mereço
Não me entenda, não é possível.
Mas também, não me esqueça.
Não sei regar o jardim do nosso amor
Porque não sei regar o jardim do meu peito.
Sofro, mais é pouco. Mereço dor bem maior
Chorar lágrimas de esguicho.
Quando me pisar não esqueça
Calce botas!
Adianta dizer que te amo?

Faz muito escuro agora.

O QUE SERÁ ? * de Marantbarfer

O Que Será..?
O que fazer se não arfar
Não respirar no peito combalido de emoção
O que fazer se não gritar
Brigar com a louca clave (em dó) da razão
Ralhar, ralhei. Briguei comigo
E espero que tenha aprendido a usar a mão
Bradar, bradei. Me dei castigo
E espero punição. Pro imperdoável coração
Não quero mais perder a lua
E o salpicar de estrelas quentes dessa rua
Culpado fui, te quis ver nua
È essa febre louca em minh'alma assim tão crua
O que fazer, não sei mudar?
Será que nesse universo existe alguém à me aceitar?
Será que devo me transformar?
Adulterar a marca indelével desse meu amar..?
Do jeito estouvado que eu tenho de gostar..?
O que será que eu tenho que fazer... O que será?

TEMPO PERDIDO * soneto de Théo Drummond

TEMPO PERDIDO


O vento crispa as águas da lagoa,
pequenas ondas vem morrer na areia.
A brisa, refrescante, é limpa e boa,
brilha no céu, tão pura, a lua cheia.

Eu sou talvez a única pessoa
que estando aqui e olhando as coisas, creia,
que a solidão é dor que embora doa,
não dói demais, conforme se alardeia.

E assim, na madrugada que sem sono,
a olhar a natureza me abandono
sem perceber que a aurora se avizinha,

Começo a me indagar porque se vive,
e me pergunto porque nunca tive
esta paz que podia ser tão minha...

PALAVRAS APENAS * de Nina Anin

Se me mostras a profundidade
Digo que no abismo encontrarás
O descanso que procuras.
Mas se me mostras o mar
Digo que ali existe refúgio
Para todos os desesperados
Que se encontram perdidos.

Se me mostras uma mesa
Digo que uma em especial
Guarda sobre ela mistérios
E através destes mistérios
Muitas vidas redimidas.
Se me apontas as montanhas
Digo que nelas há vidas...

Se me mostras belas imagens
Digo que não são suficientes
Para acabar com a dor do mundo.
Se me mostras um incêndio
Digo que ali existem anjos...
Se me mostras um espelho
Digo apenas que ele reflete
Uma doce imagem.

E te peço apenas uma coisa
Olhe o espelho e veja seu reflexo...
Você olha para o espelho...
E nele as assas de um anjo
Vibrando ...e em seu vôo
Paira sobre ti e diz:
-- Hoje sou para ti o

Anjo do resgate venho
Em uma missão importante...
Dizer que Deus te ama
Te ampara ,te conduz
E ilumina, não estás sozinha
Nunca te esqueças... ...nunca
Pois Eu Sou Teu Criador... ...

LEMBRANÇAS * de Nina Anin

As poucas que tenho invadem
Meu ser pôr completo...
Deixando um vazio repleto,
De sonhos que creio , não mentem.

O que terá sido...
O verdadeiro motivo...
Os lábios movido...
A uma página de um livro .

Custo a acreditar...
Que as horas tidas...
Nada representam , nem mesmo o ar
Que insiste em entrar não retidas.

Nem insuflam mais vida alguma...
Nem refletidas no mar de amar,
Nem ao menos uma linha, uma...
Apenas para preencher o vazio ...
[ Ah! Que mar ...

Homologando as poucas páginas...
Encontrei seus recados...
Um abraço queria te dar...
E te dizer que amo e quero estar...

Apenas em um micra de seu olhar,
Um milésimo de segundo apenas...
Para se ter um pouco de paz...
Ao menos um delírio incomensurável.

Hei de esperar te na beira d'um cais
E esperar que você aporte ali...
E que me faça mesuras assim...
Cada dia um mimo, um carinho.

Que me façam esquecer as dores...
De um querer estar onde pudesse...
Apenas estar viva na plenitude...
Do seu ser e me esconder ...

E no seu amor me fortalecer...
Para conseguir enfim sobreviver.

Nina mel
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PINTASILGO... * de Nina Anin

"Pintasilgo..." - Nina Anin
"Pintasilgo ...

Obrigada por seu canto...
Que muitas vezes me encontra
A chorar, pela falta que tu me faz
Em sua melodia enche meu coração
Com notas musicais e tiram os fiscais
Que insistem em afirmar que sou
Devedora por ter o pintasilgo em
Minha janela a me chamar de bela...
E todos os passantes a saber disso
Vem amofinar o pintasilgo que decide
Se mudar para um lugar distante...
Até que um a um dos passantes
Muda seu rumo e se esquecem da
Pequena janela onde vivia a bela.
Bela era apenas o nome que Ela
Havia dado a seu pintasilgo ,ele
Sabia disso e todas as manhãs
Bem baixinho , na cabeceira de
Sua cama soltava o seu silvo...
Como a dizer acorda Ela sou
Eu que velo seus sonhos e te
Chamo de minha bela.

Nina anin / nina mel

terça-feira, 28 de agosto de 2007

SOBRE PESSOAS * autor desconhecido

Pessoas sábias falam sobre idéias.
Pessoa comuns falam sobre coisas.
Pessoas medíocres falam sobre pessoas."

domingo, 26 de agosto de 2007

VÁ! * Marantbarfer

Vá meu pássaro livre, ver torres turvas, noturnas, nessa propensa Babel
Vá para bem longe e transgride, balés azuis que compus, com o louvor
de Ravel
Vá meu pássaro belo e leva teus olhos do mais doce aço à essas nuvens no céu
Vá rejeitando anseios,tardios escritos, marcados à sangue, em corações de papel

Vá mas não te esqueças de mentir pro irmão sol da manhã, que não há dor
Vá mas não te esqueças de sentir qual irmã lua da noite, que até houve amor
Vá minha nuvem leveza, digníssima alteza, Imperatriz da Escócia, que trás o povo em louvor
Vá minha tocha acesa, caça para minha presa, culpa maior do meu ócio, que devoraria em ardor

Vá mas tome o rumo do atol, na ilha que me ilude, essa Noronha sem fim
Vá e beba da água pura, preserve o lúdico ar, e os açudes dali
Vá mas não te esqueças de fingir para a lasciva do sol, que não estás mais aqui
Vá mas não te furtes em sorrir para essa lúdica lua que já pergunta por ti, por mim


Vá minha vida de ontem, meu gosto bom de romã, meu renascer, minha aurora
Vá minha pirâmide do Egipto, meu pólen procriador, bonita flor da amora
Vá meu fruto bom de morder, bebida que ao sorver, me faz feliz, revigora
Vá menina que é cedo ainda, eu já passei do meu tempo, e passarei mais ainda, ao te tornares senhora

CAMINHANDO NO MEU DESERTO * de Marantbarfer

Ao caminhar no deserto é preciso atenção especial
Caminhar à passos constantes em reto equilíbrio
É preciso ver o sacrário antes do prenúncio do mal
É preciso ser alma elevada e bicho dos primórdios, anfíbio

Ao caminhar no deserto é preciso a leveza da gazela
O flutuar prazeroso da águia que busca o cume do canion
É preciso o cajado de Ghandi, de Paulo, de Pedro e de Jesus, a vela
É preciso respirar o ar, comer o vento, beber seu som

Ao caminhar no deserto é preciso saber do seu destino
Conhecer os dizeres do sol insano, termistor, que ilude
É preciso saber caminhar, dosar o ir, medir o vôo, pisar com mimo
É preciso estar em festa, rezar feliz, cantar o hino que te faz imune

Ao caminhar no deserto é preciso ter chorado muito nessa e em outras vidas
Ter perdido todos os amores que te foram possíveis viver no tempo
É preciso ser milagre do capim na areia.Querer renascer do nada. Vitimado em perfídia
É preciso desejar e colher o perdão almejado se dando de novo, sem pressa, lento

Prá caminhar no deserto é preciso se despir de tudo, lavar alma com soda cáustica e purificar com água benta
Prá caminhar no deserto é preciso começar de novo e correr perigo, reviver o amor, reaprender a crença

Um dia eu até pensei que poderia caminhar no meu deserto, mas atirei fora minha bússola e agora vago sem razão.

BORBOLETAS * de Marina Castro - 18072007

Teus olhos me banham de uma alegria
q não cabe em meus olhos
derramo o contentamento dos teus olhos
presos aos meus olhos
e vejo sorrisos escorrendo em meus lábios
e voando rumo teu olhar
pousando de leve em teu pensamento
feito borboletas brincando no vento
de uma tarde quente d julho
Mas teus olhos são vingativos
e não se contentam em ver a alegria dos meus
saltitando em tua face maquiada de alegria
teus olhos me irritam e fazem do vento um redemoinho
q espalha as borboletas do meu sorriso
vejo as borboletas misturadas as folhas secas
do fevereiro q faz sombra na ilusão da noite ingrata
e tudo cai ao chão assim como o sorriso q a pouco era riso
e agora ri porque é falta de graça...

SAUDADE ! * de Marantbarfer

Pipoca aquí, alí, pipoca lá.
Quando amanhece acabou
Tüdo mudou
Rosna um ruidoso coração
Que pus na palma da tua mão
E foi ao chão
Rosna o peito inflado
O ombro cansado
Os olhos inchados

Quanta estrada e poeira
Esse sobe e desce ladeira
Escorregadia, qual cêra
Aflita e vadia essa pera
Que mordo a carne, festeira
De lebre solta, a rameira

Tens idéia de vazios?
O quanto aqui se faz de frio
Onde guardei meu desvario?
Onde pus aquele brio
Tudo culpa do meu cio
Estou vagando no meu Rio

E você, como é que está?
Ainda vive a poetar ?
Que saudades de rimar
Com seus versos flertar
Me entregar, amar, casar
Nem te lembras mais de quem
Qual estrela de Belém
Já passou a mais de cem
Como bala, como trem

E sumiu sem jamais vê-la
Contentando em envolvê-la
Em poesias e mesquinheiras
Salpicads de estrelas
Hoje o dia é outro
A palavra prêsa ao goto
O verso flui tão roto
Envelheceu o broto
O feto nasceu morto.

Mas voltarei a vê-la
Dobrando a esquina de Brasilia
Eu voltarei a tê-la

Coberta em redondilhas

AQUI FAZ FRIO * de Marantbarfer

Aqui faz frio. * de Marant Barfer

Aqui faz frio. Aqui no meu coração, no meu peito
Aí está quente, dentro em você, no seu leito
E eu corroendo meus podres defeitos

As vezes penso em tua cintura, na maciez
Me vejo mordendo, lambendo tua nudez
Com cuidado para não deixar marcas em tua tez

Sei que tua língua é tenra e rósea
Como o bico do teu peito ereto, prosa

Mas os lábios ocultos, pétalas em flor
Além de róseos são loucuras de amor

E eu aqui com frio
Louco por seu cio
Nas fantasias que crio...

O HOJE ! * DE Marantbarfer

Corri do Dakota ao lago do Central Park
Corri do estampido, do eco
Corro até hoje!
Depois fui a praça da Paz ver as pessoas
E suas inúteis velas
Paulo Francis vomitou asneiras
Nelsinho consertou com um concerto
Mas o pesadelo ainda ruge

Agora vou à Marina pensar
E ver barco à vela
Rogar por novos tempos, doar um trocado ao pivete
Viver erros e acertos
Caí na real, acordei
Chega de estrelas de luz distante
A mão na cal, me toquei
Chega de lua de quarto minguante
Olho prá frente e sigo, é tempo.

Nem vejo a carne da moça nua
Estico um novo passo, firme.
Ignoro o brilho da luz na rua
Agora sou sério, adulto, rude.
Não quero mais o céu de Araruama
A noite volto prá minha cama.
Noite escura prá quem não ama.

A poesia secou.
A engenharia brotou.
Ah!Minha bela flor de pedra!
Também há beleza no procenium de aço patinável
Que se engendra
Tirar a poeira do empírico imaginado
E ignorar o lírico sonhado
Capacete à mão
Silenciado o coração
E um caminhar parado.
Bom dia prá mim nesse novo tempo!
Mas estou só, no silêncio da desistência
Perdido na saudade da poesia plena
Tentando entender o para quê dessa ausência
O prá quê da complacência

Absolutamente parado e só
Cercado por tanta gente, no meu projeto trêmulo
Alguém viu um poeta por aí? Pergunto desavisado
Ninguém ouve o meu grito calado
Um aceno e o cumprimento
Bom Dia Doutor!!!

E QUANTOS GRÃOS...? * de Marantbarfer

E quantos grãos de areia apenas na concha frouxa da minha torpe mão?
E quantas super novas brilhantes na zona eclíptica da nossa Órion?
E quantas milenares fulgurantes em cada galáxia fosforescente do Universo?
E quantas estrelas reflectivas somente na constelação da minha alma, a Ursa Maior?

Não sabes de areia?
Nada vês nas estrelas?
Não enxergas galáxias?
Nada vês, nada sabes...?

Então não me reconhecerás.
Não abusarás do íntimo de meu corpo.
Já que nada lerás em meus olhos mortos.
E nada verás no fundo do meu coração tenso e aflito,
Pois minha alma não te pertence, meu saber não é para tí e meu amor indolente será servido ao mar.

AMAR NUNCA MAIS * Marantbarfer

É preciso rastejar
Esfregar a cara num chão
Rude e muito sujo
E, num bueiro sem tampa
Um mergulho

É preciso caminhar
Num asfalto negro de gordura
Liso, o dito cujo
Com baratas tontas e tantas
Na Prado Júnior

É preciso viver
Flutuar passaredos nas docas
Como num Canal do Panamá, Bravo, executado
Saltar da rampa

É preciso beber
Cruzar réu, novas poças
Nos paralelepípedos transparentes
Nos alados trilhos, magros
E num bar sombrio um trago, um samba

E aí... Cair nos braços leves e ardentes de Olívia Byington
Ainda sujo de lama e sais

E aí... Morrer nos braços torpes, crassos e fartos
De Mariana, belíssima, de Moraes. De resto, quanto a amar... Amar, nunca mais!

O MAIOR BEM ! * por Florbela Espanca (1894-1930)

Este querer-te bem sem me quereres,
Este sofrer por ti constantemente,
Andar atrás de ti sem tu me veres
Faria piedade a toda gente.

Mesmo a beijar-me a tua boca mente…
Quantos sangrentos beijos de mulheres
Pousa na minha a tua boca ardente,
E quanto engano nos seus vãos dizeres!...

Mas que me importa a mim que não me queiras,
Se esta pena, esta dor, estas canseiras,
Este mísero pungir, árduo e profundo

Do teu frio desamor, dos teus desdéns,
É, na vida, o mais alto dos meus bens?
É tudo quanto eu tenho neste mundo?

AFLORA * Marantbarfer

No meu perfil tem isso...
Te acho tão acima disso
Aflora tua flor no meu caminho.
Aflora teu caminho em minha flor
Se possível, dá-me tua mão. Quero tua mão no meu caminho.


Pessoas sábias falam sobre idéias.
Pessoa comuns falam sobre coisas.
Pessoas medíocres falam sobre pessoas."

TEU FRUTO, QUEM DERA ? * de Marantbarfer

Teu fruto, quem dera...

Quem dera eu poder cobrir tua alma todo dia
Cobrir com meu lençol de fogo e poesia
E te acordar por todas as manhãs de abril
Com cantos, súplicas e silvos do pássaro mais sutil

Quem dera eu poder ser único nas águas do mundo
O barco certo que navega manso qual vagabundo
Prá te colher dolente como náufraga entregue e pura
E te tratar prá sempre com a cura da mais doce fúria

Quem dera eu rasgar-te assim o fruto espúrio virgem
Com tal enlevo lamber fragrâncias do impuro hímen
E ao sorver teu leite casto roçar-te a barba, em mórbida vertigem
Soprar-te os pêlos. Cobrir c’ua fronha tua vergonha que os olhos fingem

Depois erguer à janela o lençol branco dando ao povo, fé
Que o fruto que comi é fruto dos maduros, fruto de mulher
Não apedrejem pois, a miserável ré...
Que dorme vaidosa, pois vaidosa é.

sábado, 25 de agosto de 2007

POEMINHA PARA O DREAM DE SUZANA * por Marantbarfer

Menina da madrugada, estrela!
Menina do azul do céu, do mar.
Me fala do oceano teu.
Me fala do que tens à pensar...
Menina que a nave leve leva,
No escuro do universo, o céu.
Me conta o que esperar da vida,
Prá quem sonha em roubar seu véu
Menina cuja a beleza envolve.
Leveza espalhada na estampa
Me diz por q não estás no Rio.
E sim nessa imensa e louca Sampa?
Menina, eu já passei do tempo.
Não cabe a mim mais pleitear
Mas juro q se me levasse o vento...
Eu iria, te tomar prá dançar
No ar!
Eu juro que se me permitisse a vida,
Eu te convidava prá casar...

Cenas de Amor * da série picantes de Supersonic

Autor desconhecido


Tenho fome do teu corpo, tenho sede do teu beijo, suavidade no toque, na pele
febril desejo...
Volúpias anunciadas, ereções incontroláveis, no roçar de nossos corpos gozos
intermináveis...
Nossas mãos a se buscarem, tua boca em minha boca, na excitação da entrega
deságua a vontade louca...
Na nudez premeditada, erotismo a se instalar, e um cheiro inebriante vem
impregnar o ar...
Gemidos ensandecidos aumentam a satisfação, feito loucos alucinados a extravasar
emoção...
Na cama preparada, o saciar de desejos, salivas que se misturam no degustar de
ardentes beijos...
Respiração ofegante, coração descompassado, dois amantes se entregam num furor
descontrolado...

VIRGEM * por Dinae S. Gelhardt

Virgem-anjo guardião
filho da Terra fecunda
que livra o mundo dos males
afasta espinhos
aponta caminhos
semeia campos e vales.
Tem em si o poder da Grande Deusa(Ártemis)
Mãe provedora da vida
e do ciclo da maturação

Sua alquimia realiza
a transmutação:
o virginiano
-Mercúrio metal-
inquieto
vital
mutante
racional
desvenda os segredos
da Pedra filosofal
transpondo
o caos em síntese
a ignorância em saber
o erro em perfeição
a treva em irradiação
a matéria em ouro espiritual
o rochedo em pedra brilhante
a impureza em puro diamante...
(Dinaê S. Gelhardt)

DEVANEIO * de Marantbarfer

Pela Luz do olhar derramar-te um mar
Violar o altar do teu colo
Macular o teu arfar, roubar-te o suspirar
O ar que respiras. Lacrimar-te os poros

Ah! Tanto que tear tuas redondilhas
Entregar-me aos teus talheres, tua fome
Fazer-te minha ilha, minha filha e Cecília
E banhar-te, pobre menina, com meu suor forte de homem

Pobre que sou, ai de mim, aqui do brejo
Vil, prenhe de tanta pobreza, sem fome, sem mesa
Eu só te constato e invejo, triste e cego
E me entrego a entrelinhas, claro e sem clareza

Caminho trôpego pelo macio da areia
Sedento, cedo a sedução da cavidade
E penso devorá-la em minha santa ceia
Enquanto acendem-se as luzes férteis da cidade

Aqui, rasgo agora o peito em plena Saara
Longe do calor da tua cama, da tua alma, teu perfume de dama
Sou teu Hebreu, minha Sara. Uva da terra, Egito, jóia rara

Caminhara e sonhara o Rei em dunas como estas, de Copacabana?
Caminho e sonho eu, agora, aqui, nas esquinas do oásis da Santa Clara
Derramei minha lágrima ao ar e busco a andar, o mar da savana.
E fico a pensar, onde andarás ,minha cara?

Lábio e Flor * de Marantbarfer

Ah! Como é rubra a flor
A flor é plágio do lábio?
Ou seria o lábio adágio do amor?
Ah! Como é rubro o lábio...

Teria o lábio um rubro tão frágil
Ou seria amável eleger-se a flor
Em ágil sufrágio, o afável esplendor
Enfeite maior do amor tão sábio ?

Sei apenas que o rubor rubro do lábio
e da flor
Fazem estragos no meu pudor
e me expõem a um intenso calor
Ah! Esconda de mim o ardor desse lábio em flor
Por favor...

Bom Dia minha flor!

VIVENDO OUTRA VEZ * de Marantbarfer

Ainda estou meio zonzo. Ainda soa dentro em mim a pancada do imenso martelo contra o grande prato metálico chinês.
Ainda está tudo estranho, agora que cato cacos e corruptelas mundanas que sobraram da grande explosão.
Aqui agachado, rasgando a carne para retirar estilhaços, retiro também a bola vermelha que me cobria o nariz, desfaço a maquiagem exagerada em volta dos olhos e da boca e carinhosamente guardo o imenso e belo colarinho multicolorido. Quem será aquela mulher que me denunciou a realidade crua, com gosto de esterco, violenta qual chute entre as pernas e tão definitiva como a morte. E ela parecia tão alegre, de onde terá saído com aquela admiração multiplicada, gritando o óbvio que eu não queria ouvir e atirando meus sonhos ao colo do vendaval mais constante. Não importa, ela só delatou a vida e me fez ver que o tempo já ia além da esquina e eu jamais poderia alcança-lo. Nada perdi, pois só se perde o que se tinha e eu nada tive, nada me pertenceu.
Nem o perfume dela. Nem o brilho de seus olhos. O timbre de sua voz ou o sonho de seu hálito emanando sobre mim.
Será que tive o direito a tal ridículo. Alguém compreenderia tal surto àquela hora.
Medo... Cada qual ocultando seu segredo em sua boca cega, em seus olhos mudos, com seus atos surdos.Agora só resta a funeral do flamboyant. Eu vi, quando ficaram lá inventando vidas eloqüentes e perguntando quem tem medo, o que não ouço desde Elizabeth. Hoje não me contenho mais e sou obrigado a disparar arpões. Medo... Cada um guarda mais o seu segredo ! Me calarei para sempre e voltarei ao mundo cinza que me resta, não mais tocarei no assunto que ninguém conhece e varrerei do meu coração aquela imagem eloqüente, pois na verdade,ela é de outro.
Só por instantes a vi em meus braços. Por algumas noites a insônia dolente e amável me acalentou de forma tão juvenil.
E aquela emoção dos moços, ansiedade adolescente e vigor já esquecido voltaram em minha mente e meu sangue fulgurante ferveu por quase explodir veias, rasgar vasos, e fez meu coração viver outra vez!

SIMPLISMENTE IDÉIAS * de Rita Coutinho

Como bailarinas impetuosas,
com pouca experiência,
dançam, rodam, vão e vêm insinuantes.
Sem ensaio, exibem vários estilos,
e compõem um mosaico de sentimentos,
querendo a liberdade.
Invisível a elas, uma cortina frágil,
porém eficaz em seu objetivo,
não as deixa alcançar o desejo de bailar para o público,
e o coreógrafo confuso e atônito,
embora criador e criativo,
não consegue pôr ordem à saída para a exibição.
Vencidas pelo inimigo insidioso,
voltam a repousar,
embriões que são de alguém
que ainda teme as possibilidades ...

SER ATRIZ * de Marantbarfer

Mulher de luz-alma e fervor, com ardor de
estrela
Sublime esperança, leveza que sobe,que sobe e voa
Levitando o poder no tempo da luz clara na poeira
Felina gatinha, tigresa, pantera, leoa
Voando, voando, voando, planando, pétala e bailarina
Correnteza de rio, plâncton de sutil disciplina

Te ver respirar ar pelo nariz
No compasso do salto repleta e feliz
À rasgar personagens, ardentes, febris
Pelos poros feridos, suados de atriz
Ah! É o que eu tanto quis!

Prantos e vômito prenhe no cantar o texto
Gozo de cio e incesto, do mais belo ornato, feliz arabesco
Parar o olhar nos mortais e desferir o desfecho
Preciso arremate, qual soco na ponta do queixo

Derramando coragem e delírio num peso de ódio
Sucumbindo ao amor tão delirante e mórbido
Num pedaço de palco, resto de ribalta, colo de teatro
Rasgando, rasgando, rasgando a dor de cada ato

Vá menininha assumida... Vá ser atriz nessa vida!

INCÓGNITA * de Marantbarfer

Saí de trás da cortina e também não entendí
Olhei por cima do mar,
Na gema do sol e me perdí
Virei-me e cego de tanto ver,
Perdí meus olhos nas construções sólidas
Foi só então que o acaso enviou a silhueta a mim
E olhei pela crista do mar,
Além do mel do sol e te ví
É por isso que temeroso e fraco,
Muitas vezes me apoio na incógnita

INTENSO BRILHO (canção em Lá - ) * de Marantbarfer

Tocar teus versos, te fazer rir
Chegar tão perto, mexer, bulir
Sonhar teus sonhos, ficar à fim
De tão perplexo não resistir

Ser teu abrigo, ser mais feliz
Correr perigo, estar por um triz
Ser joio e trigo, ser não e sim
Mostrar-te o umbigo, falar de mim...

Intenso brilho, luz do Japão
Doce delírio pro coração
Caso me abrace o faça bem
Me trate, trace, me mostre o além

Andar no trilho, pedir-te a mão
Gerar-te um filho nessa canção
No nosso enlace, dizer amém
Se dar inteiro, ser teu refém...

Beijar-te o corpo, soprar-te os pêlos
Me afogar nos teus cabelos
Cortar a Europa num trem sem freios
Subir montanhas pelos teus seios

Roubar-te beijos, morder-te a língua
Achar teu ponto, levar-te à míngua
Te contemplar, coisa mais linda
Fazer o amor que nunca finda...

SAUDADE DE CLARAFLOR DE MAIO * de Marantbarfer

Divagando na saudade de Clara

Queria ser assim, como vocês
Usar o velho pano que cobriu o outro
Entender aquele que tão pouco fez
E recolher o vago, o que anda solto

Queria ser de fato quem pouco procura
Dormir com fome sem sonhar loucura
Considerar o fato de haver fartura
E suportar a fome inclemente em fúria


Queria ser tão simples e te ver tão pura
Considerar que a vida é só risura
Viver tais dias pleiteando curas
Demonstrar mesuras, exacerbar lisuras
E depois ir-me triste à procurar canduras

Mulher perfil de quem jamais quis bem
Mulher perfil de dó, que diz Amém
Mulher febril fatal que faz refens
Mulher sutíl que cata meus vinténs

Ah! Rara Clara Flor de Maio
Que pinto em tela de ensaio
Em óleo rubro ouro nos tons claros
Com sombreados puros e tão raros

Ah! Clara rara maio em flor
Onde estará teu pensamento e dor?
Te mostra prá eu rever tua tez e cor
Porque o abandono, o desamor?

FIM DE NOITE ! * de Marantbarfer

É fim de noite, nossas mãos se separaram e
o frio fino que nos corta
diz, que devo ir embora meu bem.
É fim de um tempo, seu olhar já não me olha
e o silêncio que nos corta diz,
que devo olhar pro'utro além
É fim de amor, já te vejo indo embora,
a distância já nos corta e diz,
que devo chorar também
É o fim de tudo, só me resta ver a aurora,
que também me diz agora,
que devo amar outro alguém

Amar de novo... que coisa mais improvável!

É HOJE, NÉ SOLIDÃO ? * de Marantbarfer

Agora, percebo
Que sem teu olhar de carinho e zelo
Sou presa fácil pro medo

Bebo do assaz azedo
Até ficar tronxo de bêbado
E parto daqui sem credo ou ensejo

Vago no escuro beco
No próprio tropeço do passo trôpego
Caio de cego e vesgo

E só então é que vejo
Que a sorte ficou presa no arpejo
No bico do pássaro do realejo

Agora eu só desejo
Achar que ainda é cedo
E dormir no leito que lembra o Tejo

Sonhando um sonho de enredo
Cúa moça que dança o elástico frevo
E se enrosca em meus braços foveiros e pretos

Só pra tirar meu sossego
Me olha um olhar de arremedo e chamego
E beija-me as bordas rudes dos dedos

Me morde e arrepia a ponta do queixo
Depois sussurra com dengo
Por minha orelha à dentro

É hoje... Né mesmo, meu nego?
E eu durmo meu sonho ao relento, no tempo.

EU, SÓ ! * de Marantbarfer

Falando de solidão!
EU, SÓ!


Ah! A vida escura, a noite fria. Felicidade já tão vazia
Vadia, se espatifou no chão ?
De novo só por aí à fora. Claudicante, c’ua alma tão esguia
Sem sentir tato nos pés e nas mãos
De novo sem ter onde me apoiar, difuso, com o sono tão confuso
Aguardando o chamado da senha
A cabeça ardendo em chamas, rolando na lava quente da cama
E o peito frio inativo, fogão velho sem lenha

Abro a janela estreita, de altura tão rarefeita, à espreita estico o pescoço de grua
Trafego trôpego, vejo e ouço os sons surdos da rua
Sons do silêncio da noite, passeata audaz de azougue
São olhos que perpetuam a solidão triste e tão crua, pura
Que rasgam a estranheza, o dilacerante véu da tristeza
Eu, presa da luz acesa que pulsa na noite nua
Na barriga grande, grávida da vida, tratando minhas feridas
Na água lodosa e suja

Eu, vento que já não venta, de novo na impura placenta
Feto morto da vida prenha...
Que me devolvam o suspiro, o ar que já não respiro, repito:
Que a brisa da vida venha
Eu que terei que vencer tais lutas sem luvas de astúcia, sem força bruta
Regenerar coração, que aflição
Já que sem sangue tão impar, sem copo, sem bar, hoje só bebo do olhar
Altivo e soberbo, do poço da imposição
E esse perfume que minto. E essas mãos que não sinto
Prá onde foram, qual luar ?
Eu já não fumo e nem bebo, mas aguardo até amanhã bem cedo
Que me responda o rumor, desse mar...
Com palavras de fel e sal segredos pecaminosos, pro meu rubor
Traga de volta o amor que há muito pra segredar!
Eu aqui tão só... Falando de solidão.

EU PECADOR? * de Marantbarfer

Eu, pecador?
Não vi o pecado de minha mente
Ela mente não haver pecado
Mas ví o pecado do próximo
Arredio o torno extinto
Binário ou cúpicro és óxido
Pecador canalha, fazes o que faço

Mas não com a minha pureza
Não com os meus louvores
Eu casto
O próximo é só sujeira
Frêmito tresloucado em dores
Pecado

Pudoroso pudonor
Amo e faço amor
Com as putas e vadias
Já ele, o próximo
A indolência do ócio
Se lambuza, emporcalha e sacia

Sem respeito e com pecado
Esse próximo desvairado
Já eu tão educado ao percado dou a mão
Porque não vêem a pureza do meu coração?

FRAGMENTOS * de Marantbarfer

Escrevi essa canção (isso é uma canção) a mais ou menos
Trinta anos. Isso me lembra q estou velho e pior, ando no mesmo caminho de sempre, em círculos, repisando pegadas e com cuidado, para não errar o caminho.
Mudei muito ou quase nada.
Continuo em fragmentos.

##########

Fragmentos

Achei um coração tão sozinho
Quebrado em mil pedacinhos
Num mar repleto de abismos
Tal e qual a estilhaços de nada
Poeira à beira da estrada
No mais completa ostracismo

Catei. Peça por peça montei
Seus sofrimentos tratei
Curando o mal do egoísmo

Sarei a sua dor mais sofrida
Com todo amor dessa vida
Em meu peito fiz seu doce ninho
Prá quando já recuperado
Me abandonasse o malvado
Voando qual o passarinho

E hoje sofre o meu sem carinho
Tão triste o pobrezinho
Ele que nada sofria
E chora tendo por companheira
A carícia da luz da estrela
Que o ilumina em meio à noite fria
Tratando seus mil fragmentos
Com prata sobre os ferimentos
Cicatrizando o mal com poesia...

EU, PROIBIDO? * de Marantbarfer

Eu, proibido? - é um revide à censura prévia estabelecida
por minha querida amiga Claraflor de Maio.
# # #

Covardemente preso, eu atado, encostado à parede
Pela ponta do seu dedo, eu coitado, atado em sua rede
Não propenso, in concreto, denso, ávida pena, com sede

Eu tolhido, impedido, proibido, acuado, atado, censurado
Eu sem o sentido dolorido, sem o elã do atrevido, sem legado
Eu mordido, vedado em meu latido, banido, rendido soldado

Acabrunhado, prostrado, arcado, poeta que não fala do amor que cuida
E se não fala de amor, não fala também de dor, de flor, do que torna uma alma surda
Já que tudo isso leva ao amor, que proibido foi, por ser auto-ajuda

O que fazes de asas brancas nesta estranha mesa?
Sei que não sabes voar nem quero que tentes
Renovas dessa forma singular minha estranha crença

Misteriosa e bela, tenho medo do que guardas no teu mais fecundo
Estrangeira, excêntrica, úbere entranha, oco útero do mundo
Calas minha boca com essa calma louca, quem dera minha rouca voz de mudo

Piedade! Que alguém me acuda
Me quebre a corrente, prá que eu fuja
Dessa desdita, dessa dita cuja
Que lava na rua nossa roupa suja
Que lê minha mão, mira meu coração com olhos de coruja
E me proíbe a fé que tenho, no galho de arruda


Minha poesia torpe, tão vadia pobre e curta
Não passa de combalida e fútil,tardia, maldita auto ajuda...

Eu sem conselho... Sem Paulo Coelho
Não passo de um fedelho
Arrancando os cabelos na frente do espelho
Ou rezando no milho, ferindo os joelhos...

Ta proibido mesmo, é..?

O SONHO! * de Supersonic

Os lábios que não beijei
A pele que não toquei
Os olhos que frente á frente não olhei
O sonho que só sonhei,mas não realizei
As palavras que com carinho escutei
As angústias que com doçura acalmei
De tudo um pouco,em sonho experimentei
Sonho que um dia em minha juventude sonhei
Sonho que com certeza ainda concretizarei
O quanto te busquei,o quanto te visualizei
Quantos momentos em ti eu pensei
O tempo passou e eu de ti não me distanciei
Pelo contrário, dentro de mim te preservei
Ou ainda mais, te perpetuei...

ESPÍRITO DE PAZ! (para Rita) * de Marantbarfer

Ter espírito de paz é saber ensinar
a quem precisa, como amar.
Ter espírito de paz é
Fazer com que aprendamos a amar.
É ensinar-nos a dar importância ao amor
Falar de amor, sentir amor, viver amor
De modo a nos tornarmos merecedores
de também recebê-lo.
Que bom ter vc e o Humphrey
Para me mostrar coisas boas assim.

ONDE ESTÁ AFRODITE ? * por RITA COUTINHO

Será que ela vive dentro das mulheres
com cabelos desgrenhados que encontro pela manhã
varrendo as folhas nas calçadas?
...Ou no interior daquelas
que mimetizam os homens num cargo que falseia o poder que delegam ao falo?
ONDE ESTÁ AFRODITE?
Quem sabe possa estar escondida sob as línguas maledicentes
das mulheres incansáveis em invejar aquelas, corajosas,
que lhes revelam Afrodite...
Será que está nas prostitutas, que fazem de seu corpo receptáculo de esperma de homens que têm mulheres que varrem as calçadas, ou que escondem debaixo da língua, o desejo de conhecer Afrodite,
mas que matam, por medo, aquelas que lhe apontam a deusa?
Pode ser que Afrodite esteja em cada uma dessas,
que aprisionadas por heras, tendem a manter o controle,
prendendo-se em Universidades, nos cargos de chefia,
no maldizer do alheio, ...na inveja de sua Afrodite contida.......

BEIJOS DE BOA NOITE * de Marantbarfer

Beijos macios
No lugar onde és mas tenra
Que sejam molhados
Mas soltem fagulhas
Das que latejam febris
Nas paredes da tua fenda
E te levem à delírios
De profunda loucura!
Pra tua boca escondida,
Que tão bem sabe o que diz
Beijos que te levem ao deleite
E que te sejam sutis

Beijos à você, amor de mim,
Nessa noite sem fim!

ANTÍDOTO (à tristeza) * de Marantbarfer

Minha lua tão vermelha.
Vejo que ficas amarela.
Teus olhos cospem centelhas
Que se derramam à janela.
Lembram minha mão trêmula, morta.
Meus joelhos que fraquejam.
Quando alguém me bate à porta
E, me julga culpado e apedreja.
Tu, que és ilha de Creta.
Que vestes roupas de Pierrot,
Recebas a primeira pedra,
De quem jamais errou.

Quem dera, esse tolo algoz saber
O que tu'alma espalha,
Quem dera, ouvir tua voz, teu riso leve,
Suave, gentil, de gralha
Tomara, que o silêncio neutro conte
O que ruge em seu frágil peito,
Que o vento morno não oculte ou cale
Teu sentimento doce, perfeito.
Tomara que o tolo entenda o quanto é inútil,
Fraco e aprendiz de orvalho
Ato falho, rio morto, mar do Egeu,
Carta fora do baralho

Ele é só um otário.

AMIGA ! (poema bobo) * Marantbarfer

Amiga, eu tentei tocar a sua mão
Dividir contigo o vinho e o pão
Socorrer a luz do teu olhar

Amiga, eu quis proteger tua emoção
Tentei te mostrar a direção
Que a minha vida precisa encontrar

Amiga, meu olhar hoje vive no chão
Tentando entender o que a visão
Ignora quando quer sonhar

Amiga, me entreguei senil à uma paixão
Arranhei febril meu coração
E o vi morrer. Vi acabar.

E agora, caminho sozinho sem razão
Aguardando a volta do verão
Afogando o olhar no azul do mar

UM ADEUS, PARA AMANHÃ! (suicídio no orkut)* de Marantbarfer

Procurei minhas pegadas
Não as vi
Minha sombra, mesmo
Não encontrei
Acho que é o dia
Tudo se encaixa
Combina
Esvai

O velho elefante procura
Tem que achar o local
que abraçará sua eternidade.
Provocará seu fim
Poupando a dor em si
É imensa a tristeza
A dor
O fim
O adeus

Amanhã cometerei meu suicídio
On-line. Aos olhos de todos.
Desligarei os instrumentos e
Deixará de existir
Poesias, Canções e Escritos

Poeta eu?
O poeta morreu!!!

AMOR... * de Marantbarfer

Amor...
É você que está aí?


Há folhas em meu coração...
Quanto tempo esperando.
Porque demorou tanto?
Onde estavas ontem?

O vento varreu o verão...
Eu aprendo cantando.
Porque voltas vez em quando?
E, depois, sorri e some

Detesto você...
De belo só tem o nome!
Um solo de saxofone

Amor...
É o seu nome, não é?
Doce, qual nome de mulher...

COMO EVITAR ? * de Marantbarfer

As vezes, fica difícil respirar...
Já vi o sol, a lua, naufraguei com o mar
Subi montanhas, cruzei os desertos do gelo polar
Mas o universo do ventre, que ousas mostrar...?

Eu tão ereto caminhando prá lá
Infinitos caminhos prá nave rasgar
Espero que esperes por quando eu chegar
Com minha arma dura de cavaleiro estelar

Trago Astor Piazolla para te enfeitar
Com tangos nas luzes de Vinã del Mar
Que nos fazem tão leves bailando no ar
Qual aroma da flor no tênue flutuar

Permita ao verso qual vento, te apalpar
Permita ao poema qual brisa, te acariciar
Permita a trova, pássaro em flor, te copular
Permita ao conto que conto te enfeitiçar

Me faça arfar, sôfrego delirar, ávido suplicar
Com encanto e fascínio... Armas para me matar
Daqui delirar, imaginar-te o olhar, senil te devorar
Ao poeta isso basta, já é te amar...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Alice de Brasília * de Marantbarfer

Texto escrito para amenizar a dor (circunstancial) da minha irmãnzinha Naza


Certa vez, Alice, no País das Maravilhas, mais propriamente na capital Brasilias, entrou em um pântano e atolou as pernocas até os joelhos. Acreditava ter necessidade lógica de penetrar naquele pântano negro de esgoto in natura, onde o senado, o legislativo, o judiciário e os skambaw largavam seus dejetos, excrementos podres populistas e elitistas sem dó nem piedade.
Mas Alicinha tinha algo de dignidade nas entranhas e quando ( que decepção) o horror luxuriento penetrou por suas botas de couro de jacaré da Indonésia, ela com agilidade felina saltou para trás e agarrou-se em um cipó poderoso e viril, saltando assim daquela maré braba para a salvação. Por muita sorte, um belo cavalheiro com dentes de ouro e também viril estava naquele exato momento passando bem por ali e a salvou. Feito isso, nem olhou mais para trás, partiu no cavalo lilás do bonitão e nunca mais deu bola para a podridão do pântano e seus swings.
E foi feliz para sempre fazendo muito amor com preservativos da época para evitar a explosão demográfica. Boa menina a Alicinha.
Quanto aos da lascívia, estão até hoje no maior bacanal. Danem-se pois (snif, inveja).

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A PORTA ABERTA (dez./1994) * de Marantbarfer

Minha menina nasceu
Doce feito bala, enfeite cruzando a sala
É o lado claro da casa

Luz acesa de vida, sem medo de ser ferida
Menina com pés de asas, a minha moça atrevida

A moça que Deus me deu
Cantava e batia palma prá remexer minha alma
Chegava c'ua minha cara

Me dava as mãos e tremia, aquela moça que eu tinha
Aquela moça só minha, leveza recém nascida

Minha menina cresceu
Bela como um falcão a flor do meu coração
Já não me dá mais a mão

Cálice que transborda, pro outro lado da porta
Me lota o peito de medo, rezando por sua volta

A moça que Deus me deu
Já alcançou outras ruas, já se enfeitou com a lua
A vida agora é só sua

A brisa com muito gosto já lhe beijou todo o rosto
Não sou seu único amado, a moça quer namorado

Já lá se vai minha amada. Quase adulta a danada
- " Quando partires formada, prá tua própria morada
Deus estará junto a tí, minha menina adorada! " -

Não tome atalhos, portanto; prá sonhos de outras vidas.
Caminhe na trilha certa
Se precisar de amor, minha querida
A porta estará sempre aberta!


* à Roberta(Valente)Ferreira, minha filha.

Cartinha à minha irmã querida (Nasa-Marina) * de Marantbarfer

Não mandou pra mim "O que é o amor". Porque? São essas coisas que me fazem desacreditar no amor.
Outra coisa: Estou certo que enviei pra vc uma bela declaração de amor por essa foto magnífica q está aí, onde foi parar? Jogou fora?

Bom, mágoas à parte , fico feliz em ver que a revolta desvairada agora é só uma irazinha mortal, letal, fatal.
Coisinhas bobas,prá mulheres de bom coração e passado ilibado.
Acho q tudo se resolve quando se tem boa vontade e se é pacato no ódio. Por vezes pensamos até que um ódio pacato é paixão, que paixão é um enorme querer e que isso é amor. EU MESMO, do alto da minha grande magnitude de macho (como diria Caetano que não sei porque às vezes pensa que é macho) que realiza e impõe, já me ví chorando (uma única lágrima, é claro) por algo q me parecia amor e ái de quem dissesse o contrario. O impuro, o traste, o óóóóóbvio, nada disso me fez ver a verdade. Só um flagrante, um abandono, uma sacanagem drástica, para depois de um porre do cacete acordar no outro dia e dizer: “Uma ova, nunca amei essa doida, essa maluca, só me desamei por esse tempo todo!” Daí acendi um maldito cigarro, fui prá rua na noite nua e danei de testar a potência até achar uns olhinhos oblíquos como gosto, que me sorriram e perguntaram: onde estivestes até agora, amor? Aí começou tudo de novo...

Por isso acho difícil opinar sobre coisas assim. Daqui de fora, do alto da metrópole do Rio de Janeiro, me parece fácil. É só esquecer isso tudo, essa gente toda, e por a fila prá andar. Mas sei q vc não quer isso, sei q dizendo isso perco a amiga. Bom mesmo é sofrer pacas, ter desilusões e chorar lágrimas de esguicho por quantas vezes as decepções se repetirem com essa ou outra sirigaita. Brigar, dar porrada. Ái, os cabelos..!
Portanto só posso mesmo é te consolar com meu ombro imenso de amigo mal intencionado, amargando uma inveja danada desse cara que agora tripudio, babando de inveja dele. Levanta a cabeça, pensa na teu âmago e tire tudo isso à limpo. Quem tiver uma mínima culpa tem que pagar caro, mesmo que seja o Lula nove dedos (isso é nome de pistoleiro, né?). E se tiver q perdoar alguém, q seja só a ele, o meu rival, o gostosão do filme.

THE END

O PRISMA * de Marantbarfer

Ví um prisma que prioriza a vida
Essa coisa chamada mulher
Que propaga, sustenta, dá luz e cria seres
Essa coisa que toca, provoca, sacia
Com tantos poderes, mulher é magia!

E quando é mágica e poetisa?
Quando chega, te invade, não avisa?
E quando além disso é feliz?
Pele de vidro complexa, densa matiz?
E te tonteia e seduz por ser atriz?

Quando é piano suave na noite, dileta?
Quando é açoite de luz prata, reflexo da lua?
Estrela brilhante que envolve, total, predileta?
Na liquidez da Lagoa, que transborda na rua?
E que magnífica circula com vivência tão crua?

Pássaro que voa elegante, rubro e suave
Que é privilégio de mente, no palco, imensa e pomposa nave
Explosão de inocência, beleza, carisma e vida
Ansiedade e calor, fruto impossível essa Lígia querida!

Eu ví um prisma que prioriza a vida!

NOITE NO PELOURINHO * de Marantbarfer

Prrrembatipumpeba, prrrembatipumpeba nunca mais
Pipoca aquí, alí, pipoca lá, nessa ladeira uma dor, um grito, um aí
Sombras coloridas, de outras vidas no lado em folha novo, tão vizinho
Piso nessas pedras, desço escorregando, ralo minha história, choro, é o Pelourinho

Olho o mar e vejo a caravela dos meus bisavós, ancestrais, chibata e a poesia
Olho o negro louro, o branco preto, o olho azul, o verde, o dente. Gente tantas em uma só, que mói farinha
Olho o moço que me espia e pisca, e a moça que me pede um amor que não sacia
O pêlo exposto na virilha, um caminho pro brinco feito com batom, louca trilha
Tento entender a dor e a alegria nos olhos que brilham nos olhos da Bahia
A fé no arauto, na vela, Oxum, presentes, no mar, na Virgem Maria

Ouço a canção que vem de longe, batida em mãos calejadas, num trilho rouco de bonde
É um lamento de rei, de rainha, festa de senzala, batuque de longe, de onde, de onde, de onde?
O terreiro em volta de mim à dançar, à rezar e à tentar sarar esse rasgo e ferida
Gente que conta e explica o que eu jamais ví ou pensei que passei e vivi n'outras vidas

Mostra à meu coração renovado que uma noite é nada, é parda, é pouca
Canta aquela canção de noivado, de corpo no corpo, suado, que atrai e comove a moça
Prá que me toque com a mão de amada, em carícias, afagos e me beije a boca
Lançando no céu da minha, a fúria, a lixa, a serpente rubra, de sua língua louca Urrando o prazer do sabor do amor, soco o couro do tambor no porão do navio
Banhado de dor e suor, na beira da fogueira tremo à sentir frio
Só prá depois poder morrer de arfar o veneno do peito de bronze, na luxúria, no cio
À debulhar a mulher que gargalha num gozo e me pede um filho

Prrrembatipumpeba, prrrembatipumpeba nunca mais
Pipoca aquí, alí, pipoca lá, nessa ladeira uma dor, um grito um ái
Sombras coloridas, de outras vidas no lado em folha tão vizinho
Piso nessas pedras, desço escorregando, ralo minha história, choro, é o pelourinho!

ME PARECES (tão insolente) * de Marantbarfer

Tão insolente...
Me pareces tambem isenta
Pradaria no inverno, inversa
Entre joelhos assim imersa
O inverossímil cavalgar da invernada
Me pareces o invés à inverter, ilhada
Entre cabelos, braços e pernas, flor guardada

Me pareces tão enigmáticamente influente
Tão fleumáticamente incandescente
Atraente nubente, me parece que mentes
Com pequenas carícias indescentes
Mas que são só mentirinhas imprudentes...

DELÍRIO SUPERSONICO * de Marantbarfer

Você labareda de Acrópole, que plaina plena pro pouso
Você cume do plano, cimo do que vê o pobre cego olho
Supersonicsoniabólidoaeronave, multiespacial-intergalática
Navegavelmente improvável, uva nascente da Grécia terráquea

Você que sabe que é tão voluptuosa e quer que eu saiba também
Você que é tão gostosa, sedosa, garbosa, que me deixa prosa à dizer amém
Você que é sensual, carnal, louca atemporal em menina virginal, mulher no plural
Você que teima em transformar o inocente e o puro em tosco animal visceral

Você doçura visual, que se oculta na distância tamanha que me entristece
Você no meu sangue, droga irreversível, me diz que é possível e sem que eu sinta me endoidece, enlouquece
Você mesma, aí tão assanhadinha com esse dedo na boca, em interminável tentação
Você que com essa maldita blusinha e essa doce calcinha só nos cobre de tesão

Eu que ao ver seus cabelos de fogo te imagino tão nua e te sigo ereto por esse arrebol
Eu que viajo nas noites em volta de ti e me queimo e transpiro como se em volta do sol
Eu que te sonho e me bronho de volta a idade insensata, a imaginar-te os antros e o tal dedo na boca
Eu que já fraco e cansado aqui nesse teclado te toco com sede nos lábios ocultos e molhados de louca

Eu que já nem sei o que posso, se posso, se deixas que eu veja e almeje lamber-te e chupar –te a cereja tão quente
Eu que não sei se deleto de vez, ou indiscreto talvez permaneça em você, galopando tão ardentemente
Eu só, nessa tela gelada, sorvete sem gosto, sem pelo, sem cheiro, sem carne, vagando o arremedo
Eu milagroso que sou, cubro esse vidro tão liso de um gozo infindo, vendo em tua boca algo mais que um dedo

Depois acordo suado, atrevido
Constato o delírio e me suicido.

ACHO * de Marantbarfer

Acho que só quis me transformar, em tantos
Fingir dançar um tango.
Eu, quase argentino
Fraude a obsequiar o óbice.
Oblação ao obsceno
Eu, blefe do meu próprio destino

Estranho e só, de volta ao pó
Espírito que voa no azougue dessa proa
Eu que quis ser pássaro que voa
Estranho pó, de volta ao só
Eu estorvo do nada, vagando sob o sol

Não quero mais falar de mim,
Nem de você
Só quero um par de óculos escuros e nada mais ver!
Está tão gelado o meu coração!
Porque tremula assim a minha visão?

Ah! Essa moça que passa e me lembra um clarão
Não, não há não.
Na verdade não é aquela emoção
Aquilo, nunca mais!
Não aqui. Nesse porão...
Acho.

SÓ O LÍ ! * de Marantbarfer

Ah!
Ah! De novo, digo eu... Era ele!
Está claro que era. Agora me lembro... Era ele mesmo, o Braga!
Você sabe, o Braga... Melhor dizendo, o Rubem!
Isso mesmo, quem diria ? O Rubem Braga.
Aquele que era elegante, fino, de bom trato, com ar de maestro
Dizem que era de família classuda lá daqueles lados do Brasil, família requintada mesmo, dessas que nunca passam por dificuldades.

A mãe tocava piano e servia chás nos varandados da chácara.
Chopin, Bach, Tcheikowsk e polcas, valsas,chorinhos...
O pai lia Vitor Hugo, D.H. Lawrence, Balzac, Euclides da Cunha, de quem era admirador profundo e até um tal Graciliano que se iniciava. Usava broche no suspensório, fumava charutos vindos direto da Bahia e as pingas de seu próprio alambique, adocicavam as leituras.

O Rubem, contador de histórias, erudito, de raro talento o sujeito, tinha seu séquito inabalável de amantes do bom escrito e era respeitado e querido por qualquer um que o conhecesse.
O Rubem, sujeito traquino, ladino mesmo, de olhar oblíquo sobre os fatos, astuto, primoroso, déspota ululante ao defender o certo, esse Rubem.
O Rubem, que chamou o próprio pai de pústula, pútrido, quando
o velho negou-se a defender uma causa que lhe era interessante.
Depois, chorando tomou-lhe à benção, beijou-lhe o rosto e pediu perdão. O pai estava certo, a causa era uma furada.
Príncipe e poeta, esse Rubem. Um príncipe que só queria ser poeta, escritor de histórias. É, era ele mesmo, que com requinte lia nos jornais de Paris coisas do Caribe.
Não é do meu tempo, é verdade. Nunca o ví.
Desconheço o timbre de sua voz, a palidez de sua tez, se tinha brilho no olhar, luz na aura, ouro no dente... Mas ele anda em minha vida. Em nossas vidas. Como João Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e outros que amamos.
Ele está por aí, nos cafés da Lapa, nos Arcos dos Teles, no Paço, no Tabuleiro da Baiana. Com Lima Barreto, Bebú e outros à espreita.
Mas deixo claro, insisto mesmo, não o conheço, nunca o ví.
Que não haja dúvidas, não é do meu tempo esse Rubem!
Só o lí...

SÓ IMAGINAÇÃO ? * de Marantbarfer

Não.
Não quero não.
Não quero mais.
Percebeu que feneceu algo nesse jardim ?
Que algo mudou aqui e em mim ?

Viu que a casta candura honorável se ajeitou ?
Viu que a louca parede cinza se instalou ?
Não percebeste que algo se perdeu , desatrelou
Acho que isso não era amor...
Era só imaginação.

Não.
Não tinhas nada à perder
Nem sequer viste o que fiz nascer
Não percebeste o caule, a folha, a flor em botão
As pétalas tenras na palma da minha mão
Quis te dar... Você não quis receber

Chorar pra que?
São só uns erros à mais, tropeços à mais
O tilintar do tílbori que move minha alma soa demais
Viste minha alma? Passou por aí.
Tocou seu clarão?
Volto de novo ao elevador e aperto o botão
Térreo por favor...
Ao térreo do meu coração!

Agora, adeus, já é tarde, já passa da hora
Estou livre de você e do julgo do seu olhar
Nada mais à pleitear
Ta lindo lá fora, na cidade nua
Dobro sobre os calcanhares e
Sumo no burburinho das ruas
O quê?
Me queres de volta?
Será que imploras?
Se o fizer, que faças nua...

AH! QUASE ! * de Marantbarfer

Lembro dos meus pés pequenos no Jardim de Alah
Da vontade louca de ser Captain Blue, saltar no canal e singrar o mar
Lembro das visões difusas na beleza mágica de cores e cheiros que me assombrava
Lembro do orgasmo lento que o vento alado de forma febril deixava sutil na beira da praia

Lembro de meus pés pequenos na calçada cheia de Copacabana
Da escola alegre e por vezes triste que me ensinava a fugir de viés do meu crasso drama
Depois da Cócio Barcellos, a Pedro ª Cabral, no ginasial, prá me falar de amor de esperança e paz
E aí veio a tal da Camilo, a maior idade, em plena puberdade e eu não tinha mais o apreço e o amor de pais

Lembro que depois de tudo a terra virou mundo , as coisas cresceram, tomaram porte e tudo mudou
Me entreguei de braço frouxo, conheci colossos e coloquei delicias podres em minha boca doce
Ah! "Quase que me apequenei!” E depois disso estive entregue ao vício

Veio uma vida inteira de erros e acertos, de compromissos torpes e entrega sem rubor
Daí veio uma vida inteira de acertos e erros, de descompromissos
e entregas sem ardor
E foram tantas desavenças, tantos desencontros, beijos com equívocos, grudando sem visgo
Que quase dei pra traz pela boca à dentro, que quase revidei pondo a vida em risco.
Eu moleque arisco, cisco, caucásio cerelepe, precursor de Corisco
Hoje fico aqui olhando a areia branca, a brisa, e a bruma que traduzo
Com palavras soltas, querendo ocultar como sou confuso
To aqui esperando uma mão na mão, um olho no olho, um pouquinho à toa
Quase namorar no Jardim de Alah, caminhar feliz até a Lagoa
E depois de tudo esperar por algo que eu não confesso.

SAUDADES DE NAZA * de Marantbarfer

As vezes penso que ausência é morte
As vezes penso que ausência é pranto de amor
As vezes penso que é sofrimento, rasgo ou sorte
As vezes penso que é saudade, lamento, prazer na dor

Mas aí vejo que não é nada disso, que é só tchau!
Você é substituído e pronto, fácil, como no futebol.
Saio eu e entra o Antonio, o Paulino, sai a lua e entra o sol

É grande o cardume nesse mar agitado e breve
A diversidade nesse santuário floresce e ferve
Voei do por do sol à esse atol. Voei tão frágil, tão leve

Porque me esquecer assim num repente?
Já não é por mim o amor que agora sentes?
É verdade... A água passa e é tão igual nessa nascente
Devo crer que teu coração ainda mente?

ONÇA (A7+) * de Marantbarfer

A7+ - Fm#/Dm – Fm/Dm
A – F6 – E7 – A7+


Eu vim da boca do mato
Bicho oculto nas trevas
Eu Armo o bote no salto
Instinto herdado da selva

Febril prevejo o alimento
Farejo a presa no vento

Eu vim da boca do rio
Bafio de sabor azedo
Sou fera em noite de cio
Sou bicho que mete medo

Sombrio procuro por sangue
Nessa ribeira de mangue

Mas é na boca da noite
Que garras de sabres pra corte
Rasgam um grito de morte
Dilacerando tão forte

Sou tua sorte e açoite
No céu da boca da noite!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

PERDIDO SENTIDO

De minha irmã Claraflor de Maio


Prisão é a caverna escura cercada de cortinas
onde a claridade dos ideais derramados em paginas
de apostilas e livros
é a esperança querendo me convencer
q a droga desse mundo
ainda faz algum sentido
Tenho sentido nenhum
p sentir o q ainda sinto
e o q sinto muito
em ainda sentir...
Estou presa no inferno
q já foi doce
feito o musse de manga
ou salgado feito a mão q errei
no inferno q já foi lar doce lar
q já me fez feliz
cheirando a almoço fresco
ou bolo saindo do forno
ou ainda a banho d espuma
no final da tarde exausta
da luta d cada dia.
Sol maldito sol!
porque não me queima
vem como um meteoro atirado do inferno
das minhas neuroses
e deixa d mim apenas o sorriso d minha mãe
contando p amigas o quanto eu era boa e maravilhosa
Mal sabe ela o quanto fui covarde
se quer p minha bolsa tive coragem d contar
a vontade q acordou comigo hoje
me dando corda
e o vidro inteiro de calmantes
ou ainda uma pobre alma sem culpa
q me faria o favor
de atirar no asfalto
a minha dor.
Q inferno seria pior q a nostalgia
ou a ilusão morena q assombra a crença
q um dia tive
nos anjos nas guias ou em Deus?
Não tenho mais a mim
pq fui p dentro do eu
e o eu se calou
pq se cansou de me avisar
d tentar me convencer q o esquecimento
dói menos q aquela saudade q t acorda
no meio da madrugada
e ouve o vazio da rua
vendo o estrago
q lágrimas d coração
fazem na alma
e no ser q um dia lutou p ser gente
mas agora luta p ser um simples ser
q aceite ao menos a frustrada existência
q o amor deixou d esmola
p q a alma não morrente na fome dessa ausência
q estupra-me os nervos e o desgraçado coração
q me mantém viva...

UM SORRISO NEGRO * de Marantbarfer

Essa coisa que é dom, que envolve, ilude e anima
Que fortalece, engrandece, bálsamo que transporta e ilumina
Essa coisa que é força, inocência, atitude do bem, de mulher, de paz
Que distribui e envolve a tantos e tantos querem envolvimentos mais

Essa coisa que é razão e poder, poder ter beleza na face, na tez, na alma
Que como chuva improvável na tarde de sol embriaga, induz e acalma
Essa coisa que é raça, é luz, nos dentes alvos, sensuais, em boca rubra de amor
Que finge o desenho do sonho, da borboleta e não carne, que circunda feliz a flor

Essa coisa que é doce do mel, no sabor, na cor, no esplendor do delírio
Que como música pura envolve a alma e rouba a razão, o saber e nos condena ao martírio
Essa coisa que é fascínio, é doçura e milagre,insustentável leveza, arco íris das cores
Que não se pode tocar sob pena de morte perversa, dolore, erudita, desdita, morte de amores

Essa coisa que é quantum, brilho do quasar, que queima o olhar, indefectível e dá tanto medo
Que se move qual quadril, anti-quarup, que nos faz tão senil, fingindo ser inocente, enlace do êxtase, do enlevo
Esse ventre que dança entre os dentes, na milagrosa boca um frenético frevo
Que transforma o escuro da noite no claro do dia, o som do tardio no tilintar do cedo
E “ trás felicidade”, com malícia, dizendo: "Sou apenas um sorriso negro!"

Ah! Um sorriso negro... É milagre de Deus, teu segredo ?

NOME DE MULHER * de Marantbarfer

A borboleta azul trás nas bordas das asas um belo pontilhado negro
Docemente inquieta plana entre flores, leve e audaz
Eu, intruso, cuido de rosas e margaridas
Que com nomes de mulher, tornam-se minhas preferidas
Paro e apenas estendo a mão
Ela prefere pousar na planta do meu coração

E, logo bater asas num enlevo fullgas

Volto-me as rosas e margaridas
Que com nomes de mulher são minhas preferidas
E aprendo assim a perceber essa enorme disciplina
Como a que mantém no ar a bailarina

Sigo meu trajeto e só agora, que volto à vida
Percebo a lágrima alegre sobre a pétala da rosa
e também da margarida, que com seus nomes de mulher
São minhas preferidas

ESMOLA * de Marantbarfer

Eu que ardo em ciúmes
Nessa cama úmida e fria
Me guio em luzes de vaga-lumes
Pirilampo nessa noite tão vadia

Numa noite de desejo e fome
Lembro que me disseste não ter dono
Que miserável e torpe homem
Poderia acalentar teu sono?

Quem suportaria a responsabilidade
De saciar esse corpo de iniqüidade
De mantener a loucura e a voracidade
Que explode desse ventre de felicidade?

Sei que é leviandade
Mas como desejo o frescor de mocidade
Que brota dessa vaidade
De mulher em puberdade


Eu, que me imagino repousando sobre teu umbigo
Contemplando o teu oculto abrigo
Entre pêlos, que se houverem, cor do trigo
Te enfeitam esse desejo, esse castigo

Eu que imagino essa gruta louca
Calor a se desfazer em minha boca
Eu que só quero ouvir prazer na tua voz rouca
Querendo mais dessa doidice pouca

Um dia vou ter que te pedir. Dá pra mim ?
Tende piedade de quem sofre tanto assim
E me concede essa esmola, em fim.

TE VÍ ! * de Marantbarfer

Te vi ! Estavas numa plaza de Madri
Olhavas tão quieta o chafariz
Que não me reparaste, mas te vi

Teus olhos enfeitavam aquela água
Tua beleza se movia dentro dela
Nem sabes como meu peito arfava
Quando eu te desnudava da janela

Atávico colosso em minha vida
Achei que estava dentro do teu corpo
Nesse teu sol dourado, em margarida
Me imaginei no seu segredo morno

Dentro em você soprando o pelo púbere
Mas sem te despertar da distração
A te lamber o gozo insalubre
No limiar da dor do coração


Te vi. Andavas pelas ruas de Madri
E teu andar que é obra de Gaudí
Não me deixava dúvidas. Te vi

Tuas pernas davam formas para as sombras
E eu sonhando estar tão dentro delas
Mas de sonhar as minhas ficam bambas

E eu, que te quis amar à luz de velas

E como contemplar tão bela dama
Freando a inevitável ereção?
E como não te imaginar na cama
Te salpicando estrelas com paixão?

Te vi.
Sentí meu peito como o de um gurí
Flutuavas por meus sonhos em Madri.

Completamente, te ví!

INTENSO BRILHO * de Marantbarfer

Canção em MI menor:


Tocar teus versos, te fazer rir

Chegar tão perto, mexer, bulir

Sonhar teus sonhos, ficar à fim

De tão perplexo não resistir

Ser teu abrigo, ser mais feliz

Correr perigo, estar por um triz

Ser joio e trigo, ser não e sim

Mostrar-te o umbigo, falar de mim...

Intenso brilho, luz do Japão

Doce delírio pro coração

Caso me abrace o faça bem

Me trate, trace, me mostre o além

Andar no trilho, pedir-te a mão

Gerar-te um filho nessa canção

No nosso enlace, dizer amém

Se dar inteiro, ser teu refém...

Beijar-te o corpo, soprar-te os pêlos

Me afogar nos teus cabelos

Cortar a Europa num trem sem freios

Subir montanhas pelos teus seios

Roubar-te beijos, morder-te a língua

Achar teu ponto, levar-te à míngua

Te contemplar, coisa mais linda

Fazer o amor que nunca finda...

AMAR NUNCA MAIS ! * de Marantbarfer

É preciso rastejar
Esfregar a cara num chão
Rude e muito sujo
E, num bueiro sem tampa
Um mergulho

É preciso caminhar
Num asfalto negro de gordura
Liso, o dito cujo
Com baratas tontas e tantas
Na Prado Júnior

É preciso viver
Flutuar passaredos nas docas
Como num Canal do Panamá, Bravo, executado
Saltar da rampa

É preciso beber
Cruzar réu, novas poças
Nos paralelepípedos transparentes
Nos alados trilhos, magros
E num bar sombrio um trago, um samba

E aí... Cair nos braços leves e ardentes de Olívia Byington
Ainda sujo de lama e sais

E aí... Morrer nos braços torpes, crassos e fartos
De Mariana, belíssima, de Moraes. De resto, quanto a amar... Amar, nunca mais!

E QUANTOS GRÃOS...? * de Marantbarfer

E quantos grãos de areia apenas na concha frouxa da minha torpe mão?

E quantas super novas brilhantes na zona eclíptica da nossa Órion?
E quantas milenares fulgurantes em cada galáxia fosforescente do Universo?
E quantas estrelas reflectivas somente na constelação da minha alma, a Ursa Maior?

Não sabes de areia?
Nada vês nas estrelas?
Não enxergas galáxias?
Nada vês, nada sabes...?

Então não me reconhecerás.
Não abusarás do íntimo de meu corpo.
Já que nada lerás em meus olhos mortos.
E nada verás no fundo do meu coração tenso e aflito,
Pois minha alma não te pertence, meu saber não é para tí e meu amor indolente será servido ao mar.

O HOJE ! * DE Marantbarfer

Corri do Dakota ao lago do Central Park, corri do estampido, do eco
Corro até hoje!
Depois fui a praça da Paz ver as pessoas e suas inúteis velas
Paulo Francis vomitou asneiras, Nelsinho consertou com um concerto
Mas o pesadelo ainda ruge
Agora vou à Marina pensar e ver barco à vela
Rogar por novos tempos, doar um trocado ao pivete, viver erros e acertos
Caí na real, acordei, chega de estrelas de luz distante
A mão na cal, me toquei, chega de lua de quarto minguante
Olho prá frente e sigo, é tempo. Nem vejo a carne da moça nua
Estico um novo passo, firme. Ignoro o brilho da luz na rua
Agora sou sério, adulto, rude. Não quero mais o céu de Araruama
A noite volto prá minha cama. Noite escura prá quem não ama.

A poesia secou. A engenharia brotou.
Ah!Minha bela flor de pedra!
Também há beleza no procenium de aço patinável que se engendra
Tirar a poeira do empírico imaginado e ignorar o lírico sonhado
Capacete à mão. Silenciado o coração e um caminhar parado.
Bom dia prá mim nesse novo tempo!
Mas estou só.
Cercado por tanta gente, no meu projeto trêmulo
Alguém viu um poeta por aí?
Bom Dia Doutor!!!

QUEM SOU EU? PERGUNTE À D'ÁFNE. * por Marantbarfer

Hoje estou triste, acuado e oculto dentro da enorme caverna escura da minha cabeça.
Só, com meu violão que arpeja Black Bird Fly e Dear Prudence.
Olho o mundo das janelas tortas e sombrias dos meus olhos cegos,
com medo de ir lá fora e tropeçar no inexorável, bêbado que assaz estou.
Não tento conduzir-me e jamais te darei a mão. A menos que proves ser minha adorável Dáfne.
Minha amada que sobreviveu às ondas e tempestades do ardiloso Netuno.

Quem poderia salvar-me de um mar denso, turvo e profundo, estranho túmulo no
Triângulo das Bermudas ?
Quem trataria dessa vergonhosa antítese de Apolo, dessa derrocada em que me transformei?
Quem, senão sòmente minha eterna amada Dáfne.

Minha louca Dáfne...
Onde estarás agora...?
Em que mares revoltos...?

Ouço o cânticos das cigarras azuis, em delírio.
Será você a chamar-me...?

AQUI FAZ FRIO * de Marantbarfer

Aqui faz frio. Aqui no meu coração, no meu peito
Aí está quente, dentro em você, no seu leito
E eu corroendo meus podres defeitos

As vezes penso em tua cintura, na maciez
Me vejo mordendo, lambendo tua nudez
Com cuidado para não deixar marcas em tua tez

Sei que tua língua é tenra e rósea
Como o bico do teu peito ereto, prosa

Mas os lábios ocultos, pétalas em flor
Além de róseos são loucuras de amor

E eu aqui com frio
Louco por seu cio
Nas fantasias que crio...

MOMENTO RELIGIOSO * por Marantbarfer

Oração:
Perdoa Senhor, por meus pecados e erros

Perdoa Senhor, pela existência nefasta

Perdoa Senhor, pelos tropeços e medos

Perdoa Senhor, por encenar tanta farsa

Perdoa Senhor, por tanta falta de amor

Perdoa Senhor, por mais pedir, não doei

Perdoa Senhor, por tão imensa dor

Perdoa Senhor, por só sorrir, nem chorei

Perdoa Senhor, porque fui mal no trabalho

Perdoa Senhor, pois só perdi, não ganhei

Perdoa Senhor, por ser burlesco e hilário

Perdoa Senhor, por ser otário falhei

Perdoa Senhor, por não ter ganho dinheiro

Perdoa Senhor, por não ter ido à Igreja

Perdoa Senhor, por ser tão botequineiro

Perdoa Senhor, por tanto amor à cerveja

Perdoa Senhor, devolvi tudo ao banheiro

Perdoa Senhor, porque eu nada alcancei

Perdoa Senhor, não fiz a obrigação

Perdoa Senhor, só no aperto rezei

Perdoa Senhor, se esqueci a oração

Perdoa Senhor, por essa vida tão nula

Perdoa Senhor, por minhas farsas tão chulas

Perdoa Senhor, gamei nas putas da rua

Perdoa Senhor, amei nas ruas das luas

Perdoa Senhor, pois nada sou, sou ninguém

Perdoa Senhor, a tantas fiz mal (?)

Perdoa Senhor, por eu não ter um vintém

Perdoa Senhor, se coço o saco e o pau

Perdoa Senhor, por que não fiz um cruzeiro

Perdoa Senhor, porque não fiz um real

Perdoa Senhor , pela mulher do padeiro

Perdoa Senhor, pela mulher do fiscal

Perdoa Senhor, pela mulher do bicheiro

Perdoa Senhor, pela do policial

Perdoa Senhor, pela mulher do lixeiro

Perdoa Senhor, aquela do seu coral...

Perdoa Senhor, mas foi bem bom, foi maneiro

Perdoa Senhor, teve boquete e anal

Perdoa Senhor, por eu não ser um maricas

Perdoa Senhor, por eu gostar de xereca

Perdoa Senhor, por ser assim tão futrica

Perdoa Senhor, por trepado à bessa

Perdoa Senhor, por essa vida titica

Perdoa Senhor, não dispensei nem traveca

Perdoa Senhor, se fui assim tão avesso

Perdoa Senhor, se fui o lixo e a escória

Perdoa Senhor, se o inferno mereço

Perdoa Senhor, se eu perdi tua glória

Perdoe por essa vida tão torta, por esse grande vespeiro

Perdoe Senhor, mas é que sou carioca e pra azar, sou também brasileiro

PERDOA SENHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOR!!!

SAUDADE * de marantbarfer

Pipoca aquí, alí, pipoca lá.
Quando amanhece acabou
Tüdo mudou
Rosna um ruidoso coração
Que pus na palma da tua mão
E foi ao chão
Rosna o peito inflado
O ombro cansado
Os olhos inchados

Quanta estrada e poeira
Esse sobe e desce ladeira
Escorregadia, qual cêra
Aflita e vadia essa pera
Que mordo a carne, festeira
De lebre solta, a rameira

Tens idéia de vazios?
O quanto aqui se faz de frio
Onde guardei meu desvario?
Onde pus aquele brio
Tudo culpa do meu cio
Estou vagando no meu Rio

E você, como é que está?
Ainda vive a poetar ?
Que saudades de rimar
Com seus versos flertar
Me entregar, amar, casar
Nem te lembras mais de quem
Qual estrela de Belém
Já passou a mais de cem
Como bala, como trem

E sumiu sem jamais vê-la
Contentando em envolvê-la
Em poesias e mesquinheiras
Salpicads de estrelas
Hoje o dia é outro
A palavra prêsa ao goto
O verso flui tão roto
Envelheceu o broto
O feto nasceu morto.

Mas voltarei a vê-la
Dobrando a esquina de Brasilia
Eu voltarei a tê-la

Coberta em redondilhas