quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

OLHOS, SONHOS E ESTRELAS * Marferart

[sun-moon-big.jpg]

Olhos, Sonhos e Estrelas

Plantei meus sonhos nos olhos
Lancei meus olhos às estrelas
Eram tantas, que já não sei
Em qual estrela pousei
O sonho que nem sonhei

Perdi meus sonhos e o olhar
Um sonho comum, de adulto
Olhar de quem olha o mar
Repleto de silêncio e vultos
Olhar de quem vive um luto

Tentei sonhar novamente
Busquei no ar teu perfume
Achei no grão da semente
No cimo alto, no cume
Teu cheiro que é ar, que é lume

Olhei de novo a estrela
Olhar de amor, gratidão
Mas essa nova centelha
Plantei no meu coração
Que trago à palma da mão

E agora rego meu peito
Cultivo com zelo a flor
Que surge com intensa cor
Podando cada defeito
Que surja e não seja amor

Não quero mais a distância
Que impediu-me de vê-la
Como na mais tenra infância
Um mel com guarda de abelhas

Não mais perder tua fragrância
Meus sonhos, olhos e estrelas

OS FUNERAIS - A flor e o Poeta * Marferart


(A Flor e o Poeta)

Ao longe, ante ao ruído avassalador

Permeando às náiades e tateando marolas

Bálsamo que navega entregue ao torpor

Ventre ao céu, céu que freme por adolar

Seque rumo à baixo a visão ainda púbere

Do corpo tênue, débil, qual frágil amapola

À ermo, imóvel em doçura, tão fúnebre

Entregue e pobre, a flor que definha e estiola

Flui assim o funeral da flor do flamboyant

No enlevo frígido da fina fragrância que aflora

Calma e fria, sem afã

Já soltando a tinta generosa, cor da amora

Sem poesia, noites claras, visões amplas

Andar solto, clamando por toques podres de incestos

Luas cheias, jóias raras de Netuno, incastos, tantas ancas

Golpes torpes, mulher nova, beneplácitos, pobres versos

Mente fútil, flancos dóceis, libertos

Corpo mole, sem volúpia, pronto à cesta

A estabilidade da polpa da tangerina nos gestos

E ele lá, num terno roto, à pensar no que não presta

Fantásticos ruídos repletos de silêncio e dor

O ex- moribundo corpo roliço à sala afeta

Jaz o poeta calmo e frio, sem afã e cor

Já soltando sua tinta mentirosa que deserta

A bravata contemporânea como o estereótipo da sorte

Lançam a flor e o poeta à mesma prisma em flerte

Ambos frágeis e tolos rumam ao escuro da morte

Caminham ao oculto e incerto futuro inerte

Morrem hoje, ao meio-dia, no mesmo dia

A corda e a caçamba, o abade a abadia

Morrem hoje, ao meio-dia, no mesmo dia

a fantasia e a folia, a ponte e a via, o sorriso e quem sorria

Bem mais bela, é claro, a nossa flor

Que o pobre diabo do poeta que já exala odor

E entorna ao chão da sala seu tumor de horror

Dela, um poema de amor

Dele, um olhar de pavor

Morreram o Poeta e a Flor

DE VOLTA PRA MIM * por Marferart


Eu quis ser outra pessoa

Acordar e ignorar a vida

A ave plena que voa

O tom café da margarida

A gotícula de chuva

O verde que invade o mar

A boca da baía, em curva

Meu cão a me olhar

Eu quis fazer diferente

Não ver meus papéis, minha música

Me desfazer num repente

Da vida lúdica, rústica

O café quente, a canção

O corpo sem coração

O amor no meu violão

Pisar na areia e pensar

Molhar a mão nesse mar

Deitar na areia e sonhar

Eu quis ser outra pessoa, hoje

Ser um filete de água

Ser um bichinho que foge

Lágrima fria de magoa

Quis me esconder dessa flor

Quis esquecer que existia

Tamanha a força da dor

Que me rasgava e invadia

Eu quis fazer de outro jeito

Ser novo homem que insurge

A sublevar o seu peito

Qual fera forte que ruge

Mas logo vi que não via

Se um bom motivo havia

Pra tudo que eu sentia

Sentir um grande vazio

Petrificar no bafio

Da solidão, desse frio?

Por não saber ser sozinho

E sentir medo do fim

Andarilhei um caminho

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

MIRAGEM * de um certo Beija Flor

Beija




.

Sinto tua voz me chamando
Tuas mãos me tocando
Teus lábios beijando os meus
Lembranças do último adeus.

Vejo o teu olhar sedutor
Na miragem da imaginação
Fico atônita, com tanto esplendor,
Que embriaga a minha paixão.

Vejo-te através das estrelas no céu
Vejo-te espelhado nas águas do mar
Cubro meu rosto com um imenso véu
Ainda assim vejo teus olhos a brilhar.

Como posso te explicar
Tanta luz no meu olhar,
Que percebem tua presença
A milhas de distância???

Só um grande amor consegue entender
As batidas constantes de um coração,
A loucura que se faz presente no querer
Tornar realidade uma grande paixão.

Clara Strapazzon

SONETO DA FIDELIDADE * V. Moraes

Soneto da fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento antes,
e com tal zelo, e sempre, e tanto
que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais
meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu
louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu
pranto ao seu pesar ou seu contentamento. e assim, quando mais
tarde me procure quem sabe a morte, angústia de quem vive quem
sabe a solidão, fim de quem ama eu possa (me) dizer do amor
(que tive): que não seja imortal, posto que é chama
mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinícius de moraes)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

CARINHO DE JADE

Carinho


Ao seu ouvido, digo que o dia está radiante de sol

Mesmo que chova,

Porque desejo que fique ensolarado para você.

Ao seu ouvido, digo meu poema de Insônia

Esperando que lhe agrade.

Jade

INSÔNIA

©Jade Dantas

O silêncio da noite

é preenchido, inteiro,

com a falta tua.

Sombra, multiplicando a ausência,

canção tardia das madrugadas

solitárias.

Suspira em meus olhos de rios

onde os teus se adivinham.

Desenha-te o contorno do corpo

nesta insônia

por onde passeia o desejo

dos teus braços.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

PROCURA * por Marferart

As vezes não sei o que sou
Ou não quero saber
Me perco então no corredor
Da questão ser ou não ser

E é por isso que estou aqui
No limiar da manhã, no porvir
Na bainha da esperança, no fim
No verso que não mandaste, mas lí

As vezes não sei o que sou
Ou não quero saber
E dessa fenda onde estou
Estendo as mãos à você
Vá, pegue...

(à Sandra A.)

O SONHO * de Clarice Lispector

O SONHO

Sonhe com aquilo que você quiser.

Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
Clarice Lispector

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

PERCURSO DE GUERRA * por Marferart



0caribe.jpg (9404 bytes) Aldeia de Pescadores - Di Cavalcanti







PERCURSO DE GUERRA

Caminho pelo imenso salão em meio à pouca luz
Ouço o som suave de um sax que chora um dó maior meigo
O prédio, envolto em estrutura aluminisada e pele de vidro. E posso, assim
Ver toda a cidade de Havana, seus cassinos e mansões à beira mar, os
Automóveis luxuosos, nessa noite fresca de abril, em 1942.

O run forte me rasga a garganta como o sax faz com a noite
E esses benditos charutos de campanha, depois das ostras.
Estranho como estou só, nesse terno riscado elegante e meu chapéu de agave...


Daqui do alto desse avarandado entregue ao sabor de estrelas
Tremo ao som suave de um violoncelo rígido em um si bemol pleno
Essa residência centenária cravada no seio da rocha se inclina sobre "il mare"
Nápole tem cheiro de história e mistério, sob os chapéus de feltro
Homens sérios e mulheres misteriosamente ocultas me encantam, no verão 1943

Um vinho sêco, com minha idade, enfeita o naco de javali assado
sob o queijo de provence
E esses benditos charutos de campanha, depois do chocolate quente
Estranho como estou só, nesse meu terno negro que copiei de Antonione

Aqui há tanta luz à ofuscar minh’alma, que pisa esse frio mármore secular
Um piano encantador e um bandallion argentino, em lá menor, suavizam meus músculos mais íntimos
Nesse apartamento encantadoramente simples em Montmartre, arredores de Paris
Observo as ruas e vielas, o cheiro de arte, músicas, amor e sonhos
Vejo discretas senhora suspeitas a convidar-me ao ócio da aventura,
nesse outono de 1944

Comprei flores primaveris e queijos rústicos de armazém, que agridem o champagne escuro
E esses benditos charutos de campanha, após um sorvete de fruta exótica da África
Estranho como estou só, descalço, nesse jeans azul como o céu da França

Acordo nessa praia abandonada, estreita, da Urca. Semi-nu, manhoso e com um calor do
qual já havia esquecido.
Ouço um som ao longe. Um violão dolente? Um tamborim vadio?
As matas descem o pequeno morro e deitam-se sobre a praia, invadem o mar, como cabelo de mulher
Assaz bêbado tenho fome e quero pães quentes com queijo branco de empório
Preciso de uma mulher, no verão louro do Rio, nesse fevereiro de 1945

Tenho pouco dinheiro nos bolsos e não mais os quadros de Matisse, Monet, Goya, Gauguin, Renoir
Os benditos charutos de campanha, que o guerrilheiro me deu, acabaram-se
É compreensível que eu esteja só, nessa calça branca de marinheiro? É carnaval e a GUERRA ACABOU!

Acho que vou mergulhar nesse mar incandescente...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PEDAÇOS DE MIM * presente de Sonia Couri

PEDAÇOS DE MIM
Que os pedaços de mim, que trago no medo
do tempo, não escureçam o meu viver
e nem ceguem o que sei.
Peço à vida que não me negue a condição de
aprender e tampouco me deixe morrer
a vontade de errar.
Que os pedaços de mim possam se unir na
alegria da noite abrigando a inquietude de
cada gesto refletido à luz de todo dia.
Que vivam os momentos!
Se não, aquele que sei contido em toda palavra
trocada no peito abraçado.
Que os pedaços de mim busquem a todo instante
cada parte de você, seja entregue no querer ou
simplesmente descoberta em cada desejar.
Indolente na presunção de ser me perco e,
mesmo assim, mergulho no orgulho e me nego nas
verdades encontradas por onde passei.
Que os pedaços de mim tragam, a seu tempo,
toda a carícia do espírito poeta, eternizado a
cada letra desenhada no coração apaixonado.
Que todo passo construído oriente, em si, o
caminho desse horizonte sem fim e, no fim
de tudo, possa recomeçar.
Que os pedaços de mim, espalhados na terra,
floresçam com simplicidade na sabedoria de
crescer.
Que eu, mesmo desencontrado no alvorecer de
minhas causas, deixe por legado os frutos colhidos
no contexto das palavras forjadas na emoção.
Que os pedaços de mim, reunidos no que acredito,
encontrem, na paz de teu abraço, a luz dos meus
sonhos mais saudosos.
E, assim, não mais dividido, viver a vida sem
que pedaço algum seja mais de mim ou de você,
mas um em cada pedaço de nós.
(Mozart)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

,,,Coup de Grâce... * por Nina Mel



... Coup de Grâce ...

Este sangue cansado
Quer descanso do ocaso
Não me serve nem aquece
Meu ser desabitado.


Estas veias esgotadas
Querem descanso desta vida
Se recusam , sem oxigênio
Fazem greve... ... que febre.


Esta mente desvairada
Precisa ser desativada
Um novo recomeço
Numa nova era.


Mas sem a ervas
Que hoje me enerva
estar sub-judice
a espera do cicio
trazendo a ledice enrolada num fio.


O enlevo , enleio , o freio
em pleno devaneio
um corpo inteiro
transmutado...
exigindo um novo espaço.


Por : Nina mel

CARÍCIAS DA VIDA! * por Sandra Almeida


Carícias da Vida

A vida acaricia-me
com mãos macias
e... alivia-me!

Diz palavras suaves
fala um poema
e... suspira!

Inclina-se sorrindo
e murmurando,
diz... Bom Dia!

Alisando meu rosto,
fala convencida,
de um amor.

Amor, esquecido
no tempo,
acende uma luz
e... improvisa!

Num foco de luz
num leve balançar
de mãos, retorna.

Com serenidade
explica sobre
o que ela significa,
e.... justifica!

Continua,
branda e serena
passando as mãos,
... em mim!

Sandra de Almeida

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

SEU OLHAR CHORA? * por Marferart


Seu Olhar Chora?

Seu olhar oculto chora
Sei que é belo como sua tez
Que um rubor aflora
Por tão profunda timidez

Seu olhar oculto chora
Entendo bem o olhar que é triste
Por ser senhor e tu senhora
Já vimos tudo que existe...
Mas ainda há luz lá fora
Há uma vida que ensiste

Ponha um vestido vermelho
Enxugue os olhos e ria
O mundo todo é um espelho
A te envolver nesse dia

E eu aqui de joelhos
De certo mormuraria
Palavras de fantasia
Pro anjo que me sorria


(em especial para um Anjo)

anjo**:

Meu olhar chora


Olhos encurvados
Olhos molhados
De tanto chorar
Olhando o vazio
Olhar sem esperança
Parado no tempo
Olhar ingênuo
Igual de criança
Olhar que perdeu o gosto
Cheio de desgosto
Por alguem que partiu
Meu coração feriu
Hoje meus olhos
Estão com lágrimas
Tristeza e solidão
Acompanham meu coração
Meu olhar chora

Autoria Anjo da poesia

DE VOLTA PRA MIM * por Marferart


Eu quis ser outra pessoa
Acordar e ignorar a vida
A ave plena que voa
O tom café da margarida

A gotícula de chuva
O verde que invade o mar
A boca da baía, em curva
Meu cão à me olhar

Eu quis fazer diferente
Não ver meus papéis, minha música
Me desfazer num repente
Da vida lúdica, rústica

O café quente, a canção
O corpo sem coração
O amor no meu violão
Pisar na areia e pensar
Molhar a mão nesse mar
Deitar na areia e sonhar

Eu quis ser outra pessoa, hoje
Ser um filete de água
Ser um bichinho que foge
Lágrima fria de magoa

Quis me esconder dessa flor
Quis esquecer que existia
Tamanha a força da dor
Que me rasgava e invadia


Eu quis fazer de outro jeito
Ser novo homem que insurge
A sublevar o seu peito
Qual fera forte que ruge

Mas logo vi que não via
Se um bom motivo havia
Pra tudo que eu sentia
Sentir um grande vazio
Petrificar no bafio
Da solidão, desse frio?

Por não saber ser sozinho
E sentir medo do fim
Andarilhei um caminho
De volta à dentro de mim

domingo, 17 de fevereiro de 2008

MEU DEUS, ME DÊ CORAGEM! * Clarice Lispector



Meu Deus, me dê a coragem
Clarice Lispector


Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

SANDRA * por Marferart

Me aperta o peito
Sopro de choro
Sofro


É fim de tarde
Sol ainda arde
E eu tão covarde


Procuro um sonho
Te proponho
Vem comigo?

Quero o abrigo
De abraço lindo
A ouvir o que digo

Mas estás tão distante
E embora radiante
És adeus de colibrí

Já me vou
O tempo passou
E eu perdi


Sou como o trigo
Molhado sou visgo
Sêco, poeira


Amo teu flerte
E tua blusa verde
Tua negra cabeleira


Pena não ver-te
Em minha branca rede
Ter tua pele morena


Tua tez lavanda
Tua boca moranga
E esse cheiro de Sandra

Entende agora
Meu peito que chora?
...E porque sangra?


Vou voltar a meu canto
Pra poesia que conto
Lá me entendo, quieto,
Lá sou prosa, metro e verso

PORQUE ELA SUMIU! * Marantbarfer

Você sumiu. Eu fiquei triste
Chuva sem marquise
Passarinho sem alpiste


Você sumiu. Eu fiquei louco
Meu dia, assim tão ôco
Porque será que tudo é tão pouco?

Vai sumir de novo?

MEDO * por marferart

MEDO

Quero a mão forte do meu pai

Pois tenho medo da noite tão escura e fria

E do silêncio de azougue, tontura que a vida cria

Da poça d’água e da luz macia na rua vazia

Voltar ao que se distancia

Quero a mão doce de minha mãe

Pois tenho medo da cortina que treme

E do assoalho que range

Desse estreito caminho tão rente

Que já vai tão longe

Quero voltar pra casa e chorar no colo

Sem ter medo de ter medo

Calmo e protegido por canção que nina

Por carinho quente de amor e zelo

Que traz tanta calma, que farta e mima

Quero de volta o escuro ventre

Onde tudo ainda é tão cedo

De volta ao insólito tão fremente

Ao lodoso mundo quente

Onde tudo é aconchego

Onde ainda não há medo

E quando acariciado, saber

São por mãos que conheço.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

REDONDILHAS * por Marferart

Redondilhas


Pela Luz do olhar derramar-te um mar
Violar o altar do teu colo
Macular o teu arfar, roubar-te o suspirar
O ar que respiras. Lacrimar-te os poros

Ah! Tanto que tear tuas redondilhas
Entregar-me aos teus talheres, tua fome
Fazer-te minha Sônia, minha insônia, minha trilha

E banhar-te menina, com meu suor forte de homem

Pobre que sou, ai de mim, pobre rã no brejo
Vil, prenhe de tanta pobreza, sem fome, sem mesa
Eu só te constato e invejo, triste e cego
E me entrego a entrelinhas, claro e sem clareza

Caminho trôpego no corpo que serpenteia
Sedento, cedo a sedução da cavidade
E penso devorá-la em minha santa ceia
Enquanto acendem-se as luzes férteis da cidade

Aqui, rasgo agora o peito em plena Seara
Longe
do calor da tua cama, da tua alma, teu perfume de dama
Sou teu Hebreu, minha Sara. Uva da terra, meu Egito, jóia rara
Caminhara e sonhara o Rei em dunas como estas, de Copacabana?


E fico a pensar, onde andarás, minha cara?
Em que cama?

CONFISSÃO... * por Marferart

Não te agradei em algum momento?
Sou assim mesmo. Possessivo, totalitário
Sou inflamado e eloqüente. Findo sufocando, lamento
É o êxtase. Depois vou acalmando, relaxo e acendo um cigarro

É sou assim mesmo. Intenso, nada moderado
Preciso ser sacudido, chamado à atenção
Depois (re)surjo reinventado nesse meu jeito apaixonado
Mas tudo não passa de se não, de distração

Inveja, do seu nobre coração...

DELÍRIO SUPER-SONICO * por marferart

DELÍRIO SUPER-SONICO

Você labareda de Acrópole, que plaina plena pro pouso

Você cume do plano, cimo do que vê o pobre cego olho

Supersonicsoniabólidoaeronave, multiespacial-intergalática

Navegavelmente improvável, uva nascente da Grécia terráquea

Você que sabe que é tão voluptuosa e quer que eu saiba também
Você que é tão gostosa, sedosa, garbosa, que me deixa prosa à dizer amém
Você que é sensual, carnal, louca atemporal em menina virginal, mulher no plural
Você que teima em transformar o inocente e o puro em tosco animal visceral

Você doçura visual, que se oculta na distância tamanha que me entristece
Você no meu sangue, droga irreversível, me diz que é possível e sem que eu sinta me endoidece, enlouquece
Você mesma, aí tão assanhadinha com esse dedo na boca, em interminável tentação
Você que com essa maldita blusinha e essa doce calcinha só nos cobre de tesão

Eu que ao ver seus cabelos de fogo te imagino tão nua e te sigo ereto por esse arrebol
Eu que viajo nas noites em volta de ti e me queimo e transpiro como se em volta do sol
Eu que te sonho e me bronho de volta a idade insensata, a imaginar-te os antros e o tal dedo na boca
Eu que já fraco e cansado aqui nesse teclado te toco com sede nos lábios ocultos e molhados de louca

Eu que já nem sei o que posso, se posso, se deixas que eu veja e almeje lamber-te e chupar –te a cereja tão quente
Eu que não sei se deleto de vez, ou indiscreto talvez permaneça em você, galopando tão ardentemente
Eu só, nessa tela gelada, sorvete sem gosto, sem pelo, sem cheiro, sem carne, vagando o arremedo
Eu milagroso que sou, cubro esse vidro tão liso de um gozo infindo, vendo em tua boca algo mais que um dedo

Depois acordo suado, atrevido

Constato o delírio e me suicido.

DE JOELHOS * por Marantbarfer


"Eu não devia ter dito o que disse
Eu não devia sentir o que sinto
Eu não devia ter deixado me envolver
Por isso estou aqui pra te pedir perdão
Por ter invadido o teu espaço
Por ter te oferecido um sentimento que a você não significa nada
Quanto ao arrependimento, jamais

Mas prometo permanecer em castigo, com joelhos no milho,

De frente pra parede de tijolinhos

Contando-os até a primavera.”

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

"FAZER AMOR!" * Por Marferart
( a quanto tempo!!!)


"Se num repente, no calor da noite a cortina se movimentar
Se num repente, no frescor da noite uma brisa te arrepiar
Nada temais
Sou eu, imprudente e lascivo, que te toco os pêlos
Se te ruborizar as faces e as coxas e te eriçar entranhas e cabelos
Nada temais
Sou eu, imprudente e lascivo, sob o lençol, a te beijar os seios

Ainda que não me vejas, sou eu.
Não culpe seus olhos ternos, pois só eu posso vê-los.
E, se sentires algo incompreensível, se entregue.
São só meus apelos
Que te corrompem e violentam com ternura e amor de Grego
E, que te cobre de amor e pétalas com carinho e zêlo
Pra depois te agradecer a complacência, com lágrimas, de joelhos.
Se num repente, no arder da noite, teu céu se deslocar
Nada temais
Sou eu..."

MARIPOSA * por NINA MEL

Assim como a mariposa,
Tenho hábitos , lembranças,
Que com o avanço da idade,
Se quebra a esperança,
E vem a saudade,
Retida e perdida
De um amor sem dor
E chega a madrugada
Fria, gelada
E uma imagem
Refletida no espelho da noite
Se fraciona
E o vento a espalha.
Mel / \ninamel

domingo, 10 de fevereiro de 2008

QUANDO TE BEIJO * Marferart


Se te for muito ousado,
Te ofender ou coisa parecida me diga.

Não foi essa a intenção.
Na verdade é só a constatação do óbvio..

Dentro de tí descubro um novo mundo
Perambulo pela tua noite quente, como um vagabundo
Toco as luas ardentes que vagam na vermelhidão de teu fluxo
E contemplo os anéis que envolvem teus planetas de luxo

Essa caverna, dourada como o sol, me envolve em luz
É o teu ouro, teu tesouro, que aderente, seduz
Te peço desculpas se ouso e eu ouso o deleite
Perdão pela fantasia que me cobre em enfeite

Mas
como contemplar o teu corpo em balé de menina
Ou na festa de Ida com elegância tão fina?
Sem com isso vagar por planetas longíquos
Em deleite insano como insensato menino

Mas, em fim vou dormir repleto de ciúmes
Coberto de ausência e imensos queixumes
Imaginando tua pele, teu hálito, teu oculto perfume...

POESIA PARA LÍGIA * Marferart

Poesia para Lígia
Ouviste Barbra cantar "Nosso Amor de Ontem"?
Ouviste o som da água pura jorrando na fonte?
Ouviste os pontos da aranha que costura a teia?
Ouviste Chico a te cantar tristonho, "Lua Cheia"?

Ouviste o aflito a declarar impune que tanto te ama?
Ouviste o sol por ti tostando o chão em que se derrama?
Ouviste o céu a dirimir o bem maior que a ti reserva?
Ouviste o pranto seco do meus olho que te observa?

Ouviste o som do tremular ardente da minha mão?
Ouviste a dor que grita dentro em meu coração?
Ouviste o ruído sacro do silêncio a rogar
Pedindo aos anjos retos dádivas pra te tocar?

Tocar de forma doce e amorosa o teu esplendor
Um toque leve e pleno que denota amor e dor
Um toque tão suave e inesquecível até pras digitais
Pra eternizar amores que viajam em luzes nas estradas astrais

Ouviste, é verdade...
Aguardas tão somente, agora, completar a maior idade.

DEVANEIOS

Os teus beijos
e seus defeitos
provocam meus desejos.


E meus medos
adormecidos são assim
acordados
por carícias.

Destas doces mãos tuas
e a bela figura nua
que pelo meu corpo transitam
me aterrorizam
e me excitam.

Levam-me ao frenesi conseqüente
e ao prazer (in)conseqüente
de um corpo indolente
suado e ardente.

Mente indecente
por sobre lagrimas inocente
que chora
que sonha
correndo por sobre a fronha.

Ter-te em minha tez crua
sem a noção do decente
Por minha pele nua
Tome, minha alma é tua
caliente e obediente!

Sangue corrente
corpo latente
que pulsa
e expulsa
o consciente
e me faz
quente
fremente
deliciosamente
demente!

TODO AMOR QUE HOUVER NESSA VIDA... * por Marferart

Todo amor que houver nessa vida...


Hoje
Escrevi seu breve e belo nome
Na areia
O mar me olhou sorrindo
E aprovou
Nunca fiz algo tão sincero
Franco
E emocionante, em toda a minha vida

Dormiria com você
Não para tocá-la, minto,
Com minhas mãos rudes
Mas para vigília
Te contemplaria

Por toda noite
Com emoção e ternura
E de manhã te tocaria os lábios e beijaria os pés
E perguntaria: "Posso servir-lhe o café?"

Tens o perfume do D'Orvillier

Vindo em seu hálito que não roubei
Na madrugada

Depois
Com o peito prenhe
De todo amor que houver nessa vida
Partiria feliz, para ganhar o dia, na rua que ferve...

MULHER

Mulher com cabelos lindos

Com cara de índio

Com fibra, com raça

Com estirpe na pele

Mulher com sorriso

Mulher com graça

Com olhos precisos

Que flecha, que laça

Com cheiro, com guizos

Que faz tão iguais

Com igual perfeição

De onde vem essas tais?

Tomando de roldão

Convite pro “flerte”

Mulher de verde, adoro ver-te

Mulher com cabelos lindos

Com estirpe de índio

Que pensa e que fala. És um perigo...