Redondilhas
Pela Luz do olhar derramar-te um mar
Violar o altar do teu colo
Macular o teu arfar, roubar-te o suspirar
O ar que respiras. Lacrimar-te os poros
Ah! Tanto que tear tuas redondilhas
Entregar-me aos teus talheres, tua fome
Fazer-te minha Sônia, minha insônia, minha trilha
E banhar-te menina, com meu suor forte de homem
Pobre que sou, ai de mim, pobre rã no brejo
Vil, prenhe de tanta pobreza, sem fome, sem mesa
Eu só te constato e invejo, triste e cego
E me entrego a entrelinhas, claro e sem clareza
Caminho trôpego no corpo que serpenteia
Sedento, cedo a sedução da cavidade
E penso devorá-la em minha santa ceia
Enquanto acendem-se as luzes férteis da cidade
Aqui, rasgo agora o peito
Longe
Sou teu Hebreu, minha Sara. Uva da terra, meu Egito, jóia rara
Caminhara e sonhara o Rei em dunas como estas, de Copacabana?
E fico a pensar, onde andarás, minha cara?
Em que cama?
Nenhum comentário:
Postar um comentário