MEDO
Quero a mão forte do meu pai
Pois tenho medo da noite tão escura e fria
E do silêncio de azougue, tontura que a vida cria
Da poça d’água e da luz macia na rua vazia
Voltar ao que se distancia
Quero a mão doce de minha mãe
Pois tenho medo da cortina que treme
E do assoalho que range
Desse estreito caminho tão rente
Que já vai tão longe
Quero voltar pra casa e chorar no colo
Sem ter medo de ter medo
Calmo e protegido por canção que nina
Por carinho quente de amor e zelo
Que traz tanta calma, que farta e mima
Quero de volta o escuro ventre
Onde tudo ainda é tão cedo
De volta ao insólito tão fremente
Ao lodoso mundo quente
Onde tudo é aconchego
Onde ainda não há medo
E quando acariciado, saber
São por mãos que conheço.
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