sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

MEDO * por marferart

MEDO

Quero a mão forte do meu pai

Pois tenho medo da noite tão escura e fria

E do silêncio de azougue, tontura que a vida cria

Da poça d’água e da luz macia na rua vazia

Voltar ao que se distancia

Quero a mão doce de minha mãe

Pois tenho medo da cortina que treme

E do assoalho que range

Desse estreito caminho tão rente

Que já vai tão longe

Quero voltar pra casa e chorar no colo

Sem ter medo de ter medo

Calmo e protegido por canção que nina

Por carinho quente de amor e zelo

Que traz tanta calma, que farta e mima

Quero de volta o escuro ventre

Onde tudo ainda é tão cedo

De volta ao insólito tão fremente

Ao lodoso mundo quente

Onde tudo é aconchego

Onde ainda não há medo

E quando acariciado, saber

São por mãos que conheço.

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