sexta-feira, 28 de março de 2008

EU, AVE... DAS AQUÁTICAS! por Marferart








EU AVE... DAS AQUÁTICAS

Caminho pro oceano errante
Só pra ver a onda levar
Os arranha-céus gigantes
E tantos tolos versos de bar

Lavo as mãos no rio
E o pranto na calota polar
Mendigo gotículas no assoreamento vazio
Sopro o pólen das flores no mar

Bebo do orvalho no campo vadio
Bebo do sangue no peito do abandono
Bebo o molhado em retinas no cio
E o paladar no suor do que fomos

Caem meus céus em tempestades que choram luz
Uma chuva que é lava, que lava e refaz-me jovem
Mas que sara e sobra em caras que transmudam de mil urubus
Um legado de fibras cromossômicas, nas águas que se movem

Economizar pro futuro, pro próximo, pra vida
Eu, ave, nessas águas que rasgam, que curam e fazem feridas
Eu pássaro, no veio torto da terra já tão combalida, envelhecida...
Rasgando o último canion da América que chamaram de Latina

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