sábado, 17 de novembro de 2007

CAMINHANDO NO MEU DESERTO * por Marantbarfer

CAMINHANDO NO MEU DESERTO *

Ao caminhar no deserto é preciso atenção especial
Um caminhar a passos constantes em reto equilíbrio
É preciso ver o sacrário antes do prenúncio inevitável do mal fedido
É preciso ser alma lavada, elevada e bicho dos primórdios, anfíbio

Ao caminhar no deserto é preciso voar com a leveza da gazela
O flutuar prazeroso da águia que busca plena o cume do canion
É preciso o cajado de Ghandi, de Paulo, de Pedro e de Jesus, a vela
É preciso beber o ar, comer o vento, como Meishu-Sama, respirar o som

Ao caminhar no deserto é preciso saber do seu destino
Conhecer os dizeres do sol insano, termistor, que ilude
É preciso saber caminhar, dosar o ir, medir o vôo, pisar com mimo
É preciso estar em festa, rezar feliz, cantar o hino que salva e te faz imune

Ao caminhar no deserto é preciso ter chorado muito por essa e por outras vidas
Ter perdido todos os amores efêmeros que te foram possíveis viver no tempo
É preciso ser milagre do capim na areia. Querer renascer do nada. Vitimado em perfídia
É preciso desejar e colher o perdão almejado se dando de novo, sem pressa, lento

Prá caminhar no deserto é preciso se despir de tudo, lavar alma com soda cáustica e purificar com água benta
Prá caminhar no deserto é preciso começar de novo e correr perigo, reviver o amor, reaprender a crença
Um dia eu até pensei que poderia caminhar no meu deserto, mas atirei fora minha bússola e vaguei sem razão.

Mas agora acho que encontrei algo, de nome a prática do Sonen, que fala uma outra língua
Eu que já elegi a segunda pessoa que me observa e critíca.

Eu missionário de meus antepassados - Eu partícula divina...

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