sexta-feira, 7 de setembro de 2007

MINH'OSTRA SEREIA LOUCA-Rainha da Marezia! * Marantbarfer


Minh’Ostra Sereia Louca – Rainha da Maresia

Quando estou tão faminto é que penso e sinto a gruta escorregadia
No alimento infindo e propenso que guardas, Rainha da Maresia
Almejo-te fresca ao meio-dia, com a língua lanha, vadia
Desejo-te tenra à meia-noite, chibata feita pra açoite
Te pesco nos pobres mercados, baratos
Te caço nos debruns praianos
Te rogo, te adoro, te imploro e sonho que te devoro
Te arreganho e esquartejo bem forte, deslumbro-me com seus dotes
Mergulho na mera concha vulgar a latejar como se à milenar jejuar

Te invado com fúria latente, pungente, até ferir minha boca
Te faço espúria, perdida, ardente, Minh’Ostra, Sereia Louca
Carente, eu, imprudentemente engulo o aderente sabor do néctar em fervor
Te espero antes. Alimento eminente, agora presa vulgar , de torpe torpor
E lambo-te as belas partes, as roxas, como um cão à danar
Chupo-te completamente, Minh’Ostra, com a língua longa de tamanduá
Sedento, murmuro acalantos em prantos, enquanto te sorvo os antros
Tolo, absorvo o odor do fedor, com as narinas prenhas de horror e pavor

E quando enfim secar tua mancha rubra de moça
E quando mais nada sobrar de ti, febril e já frouxa
Quando assim, farta e acabada santa Minh’Ostra
Eu fútil te lançarei já inútil à ação das moscas
Já que assaz bêbado caminharei pelas ruas das luas
Vagando no forte calor interior da tua ácida crosta
Tonto, sentirei o fugaz enlevo das carnes nuas e cruas
E eructarei teu pobre vapor-sabor, cálida Minh’Ostra

Senhor pundonor à vomitar a pústula
Meiga dor de amor à acalentar o espúrio
Assim fará o texugo, nervo-músculo úmido e estúpido
O que sobrará de ti, esdrúxulo molusco ?
Minha Rainha da Maresia, Minh’Ostra-Sereia Louca...

Agora cansado e envergonhado, sento-me triste ao meio-fio sujo,
Fumo e bebo a bebida mais rota, só pra lavar a fétida boca.

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